A estrada que dá acesso ao posto fronteiriço de Ressano Garcia, entre Moçambique e África do Sul, voltou a ser bloqueada nesta sexta-feira (14), em protesto contra o alegado rapto de um taxista local. As autoridades estão a levar a cabo operações para desbloquear a estrada, segundo fontes locais, informou a Lusa.
De acordo com a agência de notícias, a estrada foi bloqueada por volta das 11h00 (em Moçambique) quando os manifestantes obrigaram dois camiões a parar na mesma: “As pessoas bloquearam a via porque um taxista foi raptado durante a noite e saíram à rua para protestar. A polícia está a tentar desobstruir a estrada e a situação está complicada porque estão a disparar gás lacrimogéneo”, explicou um comerciante que trabalha a menos de 100 metros da fronteira.
A estrada continua bloqueada a menos de 500 metros do posto fronteiriço, com a Polícia da República de Moçambique (PRM) a escoltar alguns veículos que conseguem desviar os camiões para zonas consideradas seguras: “Os carros estão a tentar contornar os obstáculos, mas a situação ainda é tensa”, afirmou um morador local.
O porta-voz dos Serviços de Migração de Moçambique na província de Maputo, Juca Bata, garantiu que a fronteira continua aberta: “A informação que temos é que a fronteira está aberta e operacional”, declarou. A PRM em Maputo ainda não se pronunciou sobre o incidente.
Desde Outubro de 2023, os confrontos entre manifestantes e forças de segurança têm afectado o funcionamento da fronteira, com registos de bloqueios, vandalização de infra-estruturas e actos de violência.
Ressano Garcia é um ponto estratégico para as exportações sul-africanas através do Porto de Maputo e para a importação de produtos para a capital moçambicana. No dia 5 de Novembro, cinco viaturas das autoridades foram incendiadas e o posto fronteiriço foi vandalizado, levando ao encerramento temporário da passagem entre os dois países.
Moçambique vive desde Outubro um período de forte agitação social, com manifestações ligadas à rejeição dos resultados das eleições presidenciais e a queixas sobre o custo de vida. De acordo com a plataforma eleitoral Decide, pelo menos 327 pessoas morreram e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos desde então.