A suspensão das obras no Terminal Portuário de Chongoene, na província de Gaza, está a pôr em risco cerca de 200 postos de trabalho e a comprometer a exportação de mais de 270 mil toneladas de minerais provenientes do projecto de areias pesadas de Chibuto. A informação foi avançada pelo administrador distrital de Chongoene, Artur Macamo, em declarações ao jornal O País.
O impasse começou no dia 10 de Janeiro, quando membros da comunidade de Nhampfunwine invadiram as instalações da empresa Dingsheng e interromperam completamente os trabalhos de construção do porto.
Os manifestantes alegam que a empresa chinesa não cumpriu compromissos assumidos num acordo bilateral, que previa o fornecimento de água potável, electricidade e um centro de saúde para a população a partir de 2023. O protesto resultou na expulsão dos gestores da empresa e no bloqueio da circulação na área do projecto, impedindo a continuidade das obras de uma das infra-estruturas mais importantes da região.
De acordo com Artur Macamo, a paralisação das obras já afectou cerca de 200 trabalhadores, que estão sem garantias sobre o futuro dos seus empregos. O administrador explicou que, apesar da suspensão, os trabalhadores receberam o salário completo no mês passado, mas a empresa está agora a negociar o pagamento de apenas 50% dos vencimentos.
Para resolver o conflito, o Governo local reuniu-se com a população e estabeleceu um novo acordo, que prevê a electrificação de 50% da área afectada. Segundo Macamo, os trabalhos já estão a decorrer em três bairros e deverão começar em breve no quarto. No que diz respeito às restantes exigências da população, como a construção do centro de saúde e o fornecimento de água potável, as obras deverão arrancar em Março deste ano.
Apesar destas medidas, ainda não há uma data definida para a retoma das obras do porto, uma vez que a continuidade do projecto depende da aceitação da população em relação às promessas feitas. Macamo afirmou que, neste momento, é difícil avançar uma previsão, pois o recomeço das obras está condicionado ao cumprimento dos compromissos assumidos para garantir serviços básicos à comunidade. O certo, segundo ele, é que o terminal portuário não será concluído este ano, apesar de já ter mais de 90% das obras executadas.
Enquanto as negociações continuam, a suspensão do terminal portuário impede a exportação de mais de 270 mil toneladas de areias pesadas extraídas do projecto mineiro de Chibuto. A empresa Dingsheng, responsável pelo empreendimento, depende da infra-estrutura para escoar os minérios e a paralisação representa prejuízos significativos para o sector extractivo.