No final da 4.ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, ocorrida na terça-feira, 11 de Fevereiro, o porta-voz do Governo declarou aos jornalistas que o aumento do custo de vida no País é uma consequência directa da destruição de estabelecimentos comerciais durante as manifestações pós-eleitorais, informou o portal de notícias Carta de Moçambique.
Segundo o órgão, a explicação foi dada pelo ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, em resposta a uma questão dos jornalistas sobre o bloqueio da Estrada Nacional Número Um (N1), na vila da Macia, distrito de Bilene, província de Gaza.
“A questão é sobre a paralisação da N1, na Macia, mas vou agregar esta à paralisação ocorrida na cidade da Matola. De facto, o aumento do custo de vida era uma consequência previsível das manifestações e, em particular, para a cidade da Matola, no raio em que esta acção (bloqueios) aconteceu. Percebemos que toda a infra-estrutura de carácter comercial (barracas, restaurantes, bares, salões de cabeleireiro, armazéns, etc.) foi destruída”, afirmou o governante.
Na sua explicação, Inocêncio Impissa sustentou: “As populações que viviam na circunvizinhança não precisavam de transporte para comprar um quilo de arroz, de açúcar e um litro de óleo. Hoje, com o mesmo valor que pagavam anteriormente nos mercados locais, precisam de gastar mais em transporte. O custo de vida aumentou porque, além do dinheiro necessário para comprar, há agora a necessidade de mais recursos para deslocações. Isto significa que quanto mais destruímos, mais cara a vida se torna. Os armazenistas hoje não estão a reabastecer os seus produtos com receio de que a população possa saquear os seus estabelecimentos. Ninguém investiria sabendo que, no momento seguinte, poderia ser roubado e perder os seus bens. O ambiente para o investimento está a tornar-se cada vez mais ameaçado. À medida que estas acções continuam, a população sofrerá ainda mais, porque a oferta reduz e a procura aumenta, criando dificuldades no abastecimento. Quando os produtos escasseiam, a tendência é de especulação de preços, por isso é que hoje se reclama tanto do custo de vida”, esclareceu o ministro.

O responsável ignorou, contudo, o facto de que o aumento generalizado e acelerado dos preços dos bens essenciais não se verifica apenas em áreas onde houve destruição da infra-estrutura comercial. O mesmo cenário repete-se na região do Grande Maputo, em todos os bairros, incluindo aqueles onde não houve destruição de barracas ou contentores.
Na sua explicação, centrada nas áreas onde a infra-estrutura comercial foi destruída pelos protestos, Inocêncio Impissa não apresentou quaisquer soluções governamentais para responder à crise nem garantias de segurança para os armazenistas, de forma a encorajá-los a repor os seus produtos.
Desde finais de Dezembro, o custo de vida disparou no País, em particular na Área Metropolitana de Maputo, com alguns produtos de primeira necessidade a custar quase o dobro do preço registado no início de Outubro. O arroz de terceira qualidade, por exemplo, chega a ser vendido a 2300 meticais o saco de 25 quilogramas, contra os anteriores 1300 meticais.
Esta situação tem gerado uma nova onda de protestos, com grupos de manifestantes a imporem novos preços, em parte motivados pelas medidas dos primeiros 100 dias de governação de Venâncio Mondlane, que estipulam, por exemplo, um preço máximo de 300 meticais para o saco de cimento de construção.