Manifestantes bloquearam, na manhã desta quinta-feira (6), os acessos ao Aeroporto Filipe Nyusi, localizado em Nhancutse, distrito de Chongoene, província de Gaza. Os moradores reivindicam o fornecimento gratuito de energia eléctrica e água potável, benefícios que alegam ter sido prometidos em troca da cedência de terras para a construção do terminal aeroportuário, segundo informou o jornal O País.
A Estrada N102, que liga a via nacional N1 à cidade de Chibuto e passa pelo aeroporto, foi barricada pelos manifestantes, que incendiaram pneus e montaram bloqueios, impedindo a circulação de veículos. A acção gerou congestionamentos e dificultou o acesso ao aeroporto, afectando passageiros e funcionários da infra-estrutura.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Gaza confirmou a ocorrência e indicou que já foram destacados agentes para o local, no sentido de averiguarem a situação e garantirem a ordem pública.
“A corporação tomou conhecimento do bloqueio e enviou agentes para avaliar os acontecimentos. Mais detalhes serão divulgados nas próximas horas”, declarou um oficial de imprensa da PRM.
O protesto junto ao Aeroporto Filipe Nyusi não é o único na região. No mesmo dia, a população do povoado de Bungane, em Chongoene, bloqueou a Estrada Nacional Número 221, que dá acesso aos distritos de Mandlakazi, Chibuto e Guijá. Os manifestantes exigem a electrificação da zona, uma promessa do Governo feita desde 2014 e que, até ao momento, não foi cumprida.
“Estamos em greve, como protesto contra a falta de água e energia. A promessa de electrificação da zona é antiga e nunca foi cumprida”, afirmou um residente de Bungane.
O bloqueio começou por volta das 5h00 e obrigou muitos automobilistas a recuarem, prejudicando passageiros que viram as suas agendas interrompidas.
“Faço a rota Mandlakazi-Xai-Xai, mas desde as 6h00 que estou retido aqui com os passageiros que precisam de avançar para os seus programas. Tentámos conversar com o grupo, mas recusam-se a autorizar a passagem. É triste”, lamentou o transportador António Samuel.
O Governo distrital, através do director dos Serviços Distritais de Infra-estruturas, tentou negociar o desbloqueio da via, mas sem sucesso. Segundo José Macaringue, a falta de fundos impede uma solução imediata, mas há um projecto que prevê a electrificação faseada da zona.
“Pedimos que haja confiança, porque o processo de electrificação será feito de forma faseada. Tivemos, na primeira fase, muitas comunidades e, nesta segunda fase, será a vez de Bungane e outras. Quanto à situação da água, receberemos uma equipa de empreiteiros para uma visita ao sistema de abastecimento, mas todo o trabalho está a ser feito a nível central para que essas infra-estruturas sejam entregues à comunidade. Pelo tempo que as pessoas estão desprovidas destes serviços, entendemos a greve, mas pedimos paciência”, explicou.
Além de energia e água, a população de Bungane também exige a construção de uma escola secundária.