A União Europeia está a financiar a criação de 12 incubadoras de negócios na região Norte de Moçambique, numa iniciativa que visa formar e acompanhar 1080 jovens empreendedores, dos quais 40% são mulheres. O projecto, designado INCUBOX II, é coordenado pela Gapi – Sociedade de Investimentos (Gapi-SI) e conta com o apoio da Fundação Aga Khan. Segundo uma nota informativa da Gapi, esta iniciativa tem como objectivo “capacitar jovens empreendedores e estimular o desenvolvimento de negócios sustentáveis, promovendo a criação de 3250 novos empregos.”
De acordo com um comunicado da Gapi, o INCUBOX II expande um modelo que foi testado numa fase-piloto, que decorreu durante 18 meses em três distritos da província do Niassa, abrangendo 120 jovens empreendedores.
“Com base nos bons resultados obtidos, o projecto será agora implementado em 12 distritos, nomeadamente Mandimba, Mecanhelas, Cuamba e Marrupa, no Niassa; Balama, Palma, Chiúre e Montepuez, em Cabo Delgado; e Ribáuè, Mossuril, Lumbo e Ilha de Moçambique, em Nampula”, detalha o documento.
Os jovens seleccionados para o programa terão acesso a formação e mentoria, bem como a um fundo de arranque para impulsionar os seus negócios. Além disso, o projecto oferecerá assistência na legalização das empresas, acesso gratuito à Internet, participação em eventos de networking e apoio logístico.
O director do projecto, Rui Amaral, explicou que a iniciativa contempla duas componentes principais: empreendedorismo e estágios profissionais. “Os candidatos à componente de empreendedorismo devem ter entre 18 e 35 anos, ser finalistas ou recém-graduados do ensino médio, técnico ou universitário e residir nos distritos de implementação. Devem ainda possuir uma ideia de negócio nos sectores definidos pela iniciativa e disponibilidade para frequentar, durante três meses, o programa de incubação”, detalhou Amaral.
Quanto à componente de estágios, esta é dirigida a jovens entre os 18 e 30 anos e destina-se a quem já tenha concluído o ensino médio, técnico ou universitário. “Não é necessária experiência profissional, mas os seleccionados devem ter disponibilidade para participar num estágio de dois meses”, acrescentou.
“Os jovens seleccionados para o programa terão acesso a formação e mentoria, bem como a um fundo de arranque para impulsionar os seus negócios”
O projecto INCUBOX II conta ainda com parcerias estratégicas para reforçar a capacitação dos beneficiários. “Acreditamos na união de sinergias, daí termos firmado algumas parcerias, como a que temos com a AIESEC, que permitirá promover estágios internacionais em mais de 120 países”, referiu Edwina Ferro, uma das gestoras do projecto.
Além disso, o programa beneficiará do conhecimento e experiência de instituições de ensino, como o Instituto Agrário de Balama, o Instituto Agrário de Bilibiza, o Instituto Politécnico Mártir Cipriano e o Instituto Médio Politécnico da Ilha de Moçambique.
A digitalização será um dos pilares fundamentais do INCUBOX II, integrando tecnologias inovadoras para facilitar o desenvolvimento dos negócios. “Os beneficiários terão acesso a smartphones, formação sobre segurança online, Internet gratuita nas incubadoras e conteúdos formativos através de realidade virtual”, adianta a nota informativa.
As incubadoras foram concebidas com um modelo sustentável, recorrendo a módulos pré-fabricados, fáceis de instalar e equipados com energia solar autónoma, além de Wi-Fi gratuito, sanitários e um espaço de armazenamento para equipamentos e meios de transporte.
A Gapi reconhece que os jovens empreendedores precisarão de financiamento adicional para consolidar os seus negócios após a incubação. “Estamos a trabalhar com outras instituições na criação de uma linha de crédito acessível, destinada aos projectos que demonstrarem melhor desempenho”, revelou Edwina Ferro. Contudo, os recursos para esta linha de crédito ainda terão de ser mobilizados.
Por enquanto, as equipas de 36 técnicos da Gapi estão no terreno a realizar um estudo de base sobre o ecossistema empreendedor local, envolvendo instituições governamentais, entidades de ensino, operadores de telecomunicações e potenciais beneficiários. Este levantamento será essencial para ajustar a implementação das incubadoras às necessidades reais dos empreendedores locais.