A actividade industrial na África do Sul caiu pelo terceiro mês consecutivo em Janeiro, afectada pelas perturbações comerciais resultantes da agitação pós-eleitoral em Moçambique, noticiou a Bloomberg.
Segundo informou a agência, o índice dos gestores de compras do Grupo Absa, compilado pelo Gabinete de Investigação Económica, desceu de 46,2% em Dezembro do ano passado para 45,3%, o nível mais baixo desde o mês de Agosto.
Os protestos contra os resultados das eleições de 9 de Outubro levaram a perturbações no principal posto fronteiriço e ao encerramento temporário de um importante corredor ferroviário entre os dois países. A fronteira, que é uma das principais rotas de importação de produtos sul-africanos, foi alvo de vandalismo de infra-estruturas no contexto das manifestações pós-eleitorais, o que levou ao seu funcionamento parcial, seguido de um encerramento entre 6 e 7 de Novembro, que resultou em perdas económicas estimadas em 400 milhões de meticais (117,1 milhões de rands).
De acordo com o banco, estas dificuldades afectaram a produção e a procura, agravando o impacto da escassez de combustível para aviões e o encerramento previsto das unidades siderúrgicas da ArcelorMittal SA – empresa multinacional do aço.
“Os inquiridos assinalaram uma série de problemas que estavam a afectar a produção e a procura, incluindo interrupções no comércio com Moçambique devido à turbulência política e à escassez de combustível que afectava o transporte aéreo de mercadorias”, afirmou o Absa, acrescentando que “o próximo encerramento do negócio de produtos longos da ArcelorMittal na África do Sul foi assinalado como tendo um potencial impacto em alguns produtores nos próximos seis a 12 meses.”
A indústria transformadora sul-africana já apresenta sinais de contracção há três meses, com uma quebra nas entregas aos fornecedores e no emprego. Apesar disso, os empresários ainda mantêm algum optimismo quanto às condições futuras do sector.
A 23 de Dezembro, o Conselho Constitucional (CC) proclamou Daniel Chapo vencedor das eleições para Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de Outubro.
Este anúncio desencadeou um novo caos em todo o País, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem disparado tiros e gás lacrimogéneo na tentativa de os desmobilizar, provocando a morte de mais 300 pessoas, segundo a sociedade civil.