A recuperação económica da Zâmbia está a ganhar dinâmica, impulsionada por reformas estruturais, parcerias internacionais e esforços de reestruturação da dívida.
Após o incumprimento de 2020, que pôs em evidência a excessiva dependência económica do país das exportações de cobre, a Zâmbia começou a desenvolver iniciativas de diversificação e reformas da política orçamental para estabilizar a sua economia.
Reestruturação da dívida e apoio do FMI
Em resposta à sua crise da dívida, a Zâmbia envolveu-se no alívio da dívida multilateral ao abrigo do Quadro Comum do G20, garantindo uma Facilidade de Crédito Alargada (ECF) do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 1,3 mil milhões de dólares em 2022, posteriormente aumentada para 1,7 mil milhões de dólares em 2024. Em Dezembro de 2024, o FMI desembolsou 184 milhões de dólares, o que reflecte os progressos na disciplina orçamental e nas reformas da governação. Estas medidas ajudaram a restaurar a estabilidade macroeconómica, permitindo ao país africano aumentar os investimentos na educação, nos cuidados de saúde e nas infra-estruturas.
Principais sectores de crescimento: Agricultura, energia e minas
A Zâmbia está a diversificar a sua economia para além da exploração mineira do cobre, expandindo a irrigação, reforçando o agro-processamento e impulsionando o emprego rural. O Governo tem como objectivo duplicar as terras agrícolas irrigadas até 2030, aumentando a segurança alimentar e o potencial de exportação.
No domínio das energias renováveis, o país está a reduzir a sua dependência da energia hidroeléctrica (83% da produção de electricidade), investindo em projectos solares, incluindo Bangweulu (54MW) e Ngonye (34MW). O programa Scaling Solar está a atrair investimentos privados para estabilizar o fornecimento de energia e atenuar os riscos climáticos.
Entretanto, o sector mineiro continua a ser um motor essencial do crescimento económico, contribuindo com 70 % das receitas de exportação da Zâmbia. Espera-se que uma recuperação do preço global do cobre em 2025 impulsione o Produto Interno Bruto, com previsões que variam entre 4,1% (Banco Mundial) e 6,6% (Ministério das Finanças da Zâmbia).
Desafios e soluções a longo prazo
Apesar dos progressos, as vulnerabilidades económicas persistem. A dependência da Zâmbia em relação ao cobre torna-a susceptível às flutuações de preços, enquanto as alterações climáticas ameaçam a agricultura e a energia hidroeléctrica. A inflação atingiu 16,7% em Dezembro de 2024, devido à fraqueza da moeda e ao aumento dos preços dos produtos alimentares.
Para garantir um crescimento sustentável, a Zâmbia deve:
- Reduzir as exportações de matérias-primas através do desenvolvimento de indústrias locais de fundição e fabrico de cobre e cobalto;
- Reforçar a governação para aumentar a transparência da dívida e atrair o investimento estrangeiro;
- Implementar reformas fiscais para alargar a base de receitas e reduzir a dependência de empréstimos externos.
Uma via para o crescimento sustentável
Com reformas coordenadas, diversificação económica e estratégias de resiliência climática, a Zâmbia tem uma oportunidade única de construir uma economia mais inclusiva e resiliente. Tirando partido das parcerias internacionais e dos investimentos sustentáveis, o país pode posicionar-se como um modelo de transformação económica em África.
Fonte: Further Africa