O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) lançou o Mecanismo de Benefícios de Adaptação (ABM), um sistema inovador criado para financiar a adaptação às alterações climáticas em África. Desde 2019, o ABM tem sido testado em vários países do continente, tornando-se agora a primeira abordagem não mercantil registada na Plataforma de Abordagens Não Mercantis da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
O objectivo principal do ABM é mobilizar novos financiamentos, tanto do sector público quanto privado, para promover a adaptação às mudanças climáticas. O mecanismo visa apoiar o desenvolvimento sustentável e resiliente, de baixo carbono, nos países em desenvolvimento, ao mesmo tempo que certifica os benefícios da resiliência e os custos associados à adaptação.
O ABM utiliza metodologias rigorosas e verificação independente para certificar os benefícios de adaptação. Isso garante dados transparentes sobre as melhorias na resiliência e o financiamento envolvido, ajudando na monitorização do Acordo de Paris e dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), contribuindo também para as estruturas Ambiental, Social e Governança (ESG, sigla em inglês).
Além disso, o mecanismo permite que os desenvolvedores de projectos acedam a mercados de capital, podendo monetizar os benefícios certificados, o que ajuda a reduzir os riscos associados aos investimentos em adaptação, ao mesmo tempo que torna os custos de adaptação mais claros e transparentes.
Anthony Nyong, director de Mudanças Climáticas e Crescimento Verde do BAD, avançou: “É hora de o financiamento da adaptação beneficiar de mecanismos de incentivo como o ABM”, destacando que, ao aproveitar novas fontes de financiamento e envolver novos actores, o ABM acelerará a implementação de soluções de adaptação essenciais, especialmente nas regiões mais vulneráveis.
Na conferência climática COP29, realizada em Baku em 2024, o ABM foi submetido à UNFCCC pelo Uganda, com o apoio de outros países africanos, como Nigéria, Quénia, Madagáscar, Benin, Gâmbia e Guiné. A iniciativa recebeu também o apoio de organizações internacionais e agências governamentais, como o Banco de Desenvolvimento da África Ocidental (BOAD) e o Centro de Pesquisa Florestal Internacional.
Espera-se que mais países e organizações se juntem ao ABM em breve. O BAD, que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e implementação do mecanismo, também está registado na Plataforma Abordagens Não Mercantis como fornecedor de suporte financeiro, tecnológico e de capacitação.
Fonte: Semanário Económico