A decisão das concessionárias das principais vias da região do grande Maputo de retomar a cobrança de portagens resultou em novos episódios de contestação. Na noite de quarta-feira (29), grupos de manifestantes incendiaram, de forma coordenada, as portagens de Mudissa, na Bela-Vista (Matutuine), e da KaTembe, na cidade de Maputo, segundo informou a Carta de Moçambique.
O incidente ocorreu pouco depois de outro protesto ter atingido o centro de manutenção da TRAC, concessionária da N4, na Matola, onde várias viaturas foram incendiadas. Os actos de vandalismo surgem no contexto de um movimento de resistência que se intensificou após a REVIMO – concessionária da ponte Maputo-KaTembe e da estrada Maputo-Ponta do Ouro – ter retomado, há três dias, a cobrança nas portagens, após um período de suspensão devido às manifestações populares.
O boicote ao pagamento das portagens foi inicialmente impulsionado em Dezembro passado pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que apelou aos condutores para não pagarem, alegando a má qualidade das estradas e a falta de transparência no modelo de concessão. A campanha de recusa no pagamento foi renovada no dia 17 de Janeiro, com a promessa de continuar por mais 100 dias, o que levou milhares de automobilistas a aderirem ao movimento.
Desde que as cobranças foram retomadas, tem-se registado um clima de tensão entre os condutores e as concessionárias das vias. O cenário tem sido marcado por bloqueios frequentes na N4, sobretudo entre os bairros Trevo (Matola) e Luís Cabral (Maputo), tornando a circulação praticamente impossível. Na quinta-feira, por exemplo, protestos resultaram em congestionamentos que deixaram condutores retidos por mais de 10 horas, afectando outras vias, como a Avenida Eduardo Mondlane, uma das principais alternativas de ligação entre Maputo e Matola.
Com a destruição das infra-estruturas em Mudissa e KaTembe, sobe para seis o número de portagens incendiadas nos últimos meses. Em Dezembro, manifestantes já haviam destruído as de Macaneta, Zintava, Matola-Gare e Cumbeza, localizadas nos municípios da Matola e Marracuene. O agravamento da crise levanta preocupações sobre a segurança e a manutenção das infra-estruturas rodoviárias, enquanto se aguarda por uma solução para o impasse entre os protestantes e as concessionárias.