Após semanas de tensão e bloqueios, a circulação de viaturas na Estrada Nacional Número 4 (N4) foi retomada, permitindo o fluxo normal entre Maputo e Matola. A concessionária sul-africana TRAC (Trans African Concessions) restabeleceu a cobrança das portagens, suspensa desde as manifestações pós-eleitorais, mas optou por manter algumas cancelas abertas para evitar novos protestos e garantir a fluidez do trânsito, segundo informou o jornal O País.
A decisão de reactivar a cobrança gerou reacções mistas entre os automobilistas. Enquanto alguns retomaram o pagamento voluntariamente, outros recusam-se a fazê-lo, aproveitando-se das barreiras abertas. O impasse levou a TRAC a reforçar o controlo na portagem, instalando correntes junto às cabines de pagamento, uma medida que visa impedir a passagem forçada sem pagamento, como vinha acontecendo desde o início da contestação.
O restabelecimento do pagamento ocorre num contexto de forte contestação. A rejeição ao pagamento da portagem foi incentivada em Dezembro pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que apelou a um boicote nacional. Desde então, várias cabines de cobrança foram vandalizadas e encerradas, incluindo algumas da TRAC, e os protestos contra as portagens intensificaram-se.
A tensão voltou a aumentar na quarta-feira (29), quando manifestantes atacaram os escritórios da TRAC junto à portagem de Maputo, danificaram viaturas e bloquearam a via em vários pontos. A concessionária tentou negociar com os transportadores e condutores, propondo o perdão de dívidas acumuladas para aliviar o impacto financeiro da cobrança, mas a proposta foi rejeitada pelos manifestantes, que exigem a abolição total das taxas.
A N4 é uma via estrutural para a economia do País, ligando a capital à fronteira de Ressano Garcia e servindo como principal corredor para o escoamento das exportações sul-africanas, sobretudo de minério. O bloqueio da estrada gerou preocupações entre empresários e transportadores, que temem novos episódios de instabilidade que possam prejudicar o fluxo de mercadorias.
Com a circulação parcialmente normalizada, a TRAC mantém a cobrança da portagem, mas, ao mesmo tempo, permite a passagem gratuita para evitar novos tumultos. A solução, contudo, não parece definitiva, e o risco de novos protestos continua a pairar sobre a via. A contestação ao pagamento das portagens mantém-se viva e pode voltar a traduzir-se em novos bloqueios nos próximos dias.