Nesta quarta-feira (29), manifestantes contra o pagamento de portagens na principal estrada que liga Maputo à África do Sul (Estrada Nacional Número 4) vandalizaram as instalações da TRAC, concessionária da via, danificando duas viaturas no local.
De acordo com a agência Lusa, os escritórios da empresa sul-africana, situados junto às portagens de Maputo, foram atacados no início da manhã, praticamente ao mesmo tempo que a via era bloqueada pelos manifestantes. Ao longo do dia, os protestantes recusaram propostas de negociação, incluindo um perdão de dívidas aos transportadores, que estão na origem do bloqueio.
As instalações da TRAC, sem funcionários no interior, encontram-se sob vigilância policial, com um blindado da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) posicionado à entrada. Enquanto isso, agentes da UIR, na N4, têm realizado disparos e lançado gás lacrimogéneo para travar novos bloqueios.
Os acessos da N4 junto à portagem de Maputo, que liga à vizinha cidade da Matola, permanecem completamente bloqueados pelos manifestantes, que contestam a cobrança de portagens. O protesto inclui a ameaça de incendiar um camião-cisterna carregado de combustível, imobilizado junto a um posto de abastecimento.
O veículo foi bloqueado depois das 7h00 pelos manifestantes, maioritariamente transportadores, que o deixaram atravessado na via e ameaçam incendiá-lo caso a polícia tente forçar o desbloqueio. Mais de oito horas após o início do protesto, a situação mantém-se inalterada, com a polícia a evitar qualquer carga no local, apesar do forte aparato de segurança.
A cobrança de portagens naquela via, explorada pela sul-africana TRAC, esteve suspensa durante semanas devido às manifestações pós-eleitorais em Moçambique e foi retomada na passada quinta-feira.
Desde a retoma da cobrança na N4, que liga Maputo à fronteira de Ressano Garcia – uma via estrutural para o escoamento das exportações sul-africanas de minério –, a circulação tem sido condicionada por protestos. Alguns automobilistas têm forçado as cancelas para passar sem pagar, o que levou a TRAC a instalar correntes junto às cabines de pagamento.
O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou, em Dezembro, ao não pagamento de portagens em todo o País. Após a destruição e vandalização de algumas cabines de cobrança, várias foram encerradas, incluindo as da TRAC.