O bloqueio das portagens de Maputo, na Estrada Nacional Número Quatro (N4), principal via de acesso à capital e ligação com a África do Sul, terminou por volta das 17h30, após mais de dez horas de paralisação, informou a agência Lusa.
De acordo com o órgão, alguns transportadores que tinham bloqueado a via pouco depois das 7h00, utilizando um camião-cisterna como escudo para evitar a intervenção da polícia, começaram a retirar as viaturas depois das 17h00. A desmobilização ocorreu de forma pacífica e, em menos de 30 minutos, a circulação foi praticamente restabelecida, com a polícia a assumir o controlo da estrada para evitar novos bloqueios.
Durante mais de dez horas, as forças de segurança, com um forte aparato no local, evitaram o uso da força para dispersar o protesto contra a retoma da cobrança de portagens. Os manifestantes haviam imobilizado o camião-cisterna, furando os pneus, junto a um posto de abastecimento localizado a poucas dezenas de metros da praça das portagens da N4, concessionada à empresa sul-africana TRAC.
A desmobilização ocorreu de forma voluntária, depois de várias tentativas infrutíferas da polícia ao longo do dia para negociar a retirada dos manifestantes. Durante o protesto, alguns manifestantes vandalizaram parte das instalações da TRAC, destruindo duas viaturas no interior.
Rapidamente, dezenas de viaturas que permaneceram imobilizadas durante horas, incluindo camiões de carga com destino à África do Sul, retomaram a circulação na estrada. No entanto, na maioria das cabinas, a cobrança de portagem não estava a ser efectuada.
As instalações da TRAC, que permaneceram sem funcionários no interior durante o dia, continuaram sob vigilância policial, com um blindado da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) posicionado na entrada. Enquanto isso, na N4, agentes da UIR chegaram a efectuar disparos e lançar gás lacrimogéneo para impedir novos bloqueios.
A cobrança de portagens na N4, explorada pela TRAC, esteve suspensa durante semanas devido às manifestações pós-eleitorais em Moçambique, sendo retomada na passada quinta-feira (23).
Desde a retoma da cobrança de portagens, a circulação na N4, que liga Maputo à fronteira de Ressano Garcia – um eixo crucial para o escoamento das exportações sul-africanas de minério –, tem sido marcada por protestos. Alguns automobilistas têm forçado a passagem pelas cancelas sem pagar, o que levou a TRAC a instalar correntes junto às cabinas de pagamento.
O então candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou em Dezembro ao não pagamento de portagens em todo o País. Após actos de vandalização e destruição de algumas cabinas de cobrança, várias foram encerradas, incluindo as da TRAC.
Entretanto, num documento publicado a 21 de Janeiro, contendo 30 medidas, Mondlane – que não reconhece os resultados oficiais das eleições gerais de 9 de Outubro – voltou a exigir a suspensão da cobrança de portagens em todo o País.
“No caso da N4, as portagens, pelo tempo de vida que já têm, cumpriram o seu período de rentabilidade face ao investimento efectuado”, refere-se no documento, que também exige a suspensão do pagamento de portagens em diversas vias do País, alegando falta de consulta pública sobre essa cobrança e o não cumprimento do princípio da existência de uma via alternativa.