O Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou nesta terça-feira, 28 de Janeiro, ter recebido garantias do CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, do “empenho” da petrolífera francesa na retoma do projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Cabo Delgado, no Norte do País. Os dois encontraram-se à margem da Cimeira dos chefes de Estado sobre Energia em Dar es Salaam, na Tanzânia.
Segundo informou a Lusa, Chapo escreveu numa mensagem na sua conta oficial da rede social X que, “durante a conversa, Pouyanné reafirmou o compromisso da multinacional francesa em retomar o projecto, actualmente suspenso desde 2021, devido aos desafios de segurança na região.”

O contacto com o responsável da TotalEnergies teve lugar na segunda-feira (27) e, segundo Daniel Chapo, permitiu discutir “os progressos e o empenho da empresa no desenvolvimento do projecto de exploração de gás natural em Cabo Delgado”, suspenso há quase quatro anos devido à instabilidade e insegurança naquela província.
“Da nossa parte, reafirmamos a importância do projecto para o crescimento da economia moçambicana, razão pela qual estão a ser envidados esforços para garantir a estabilidade necessária à sua implementação”, reiterou o Executivo.
Em Outubro do ano passado, Patrick Pouyanné assegurou que quase 80% dos 14 mil milhões de dólares necessários para o megaprojecto estavam garantidos e que pretendia reunir-se no mesmo mês, em Maputo, com o novo Presidente moçambicano: “Há eleições em Moçambique, vai chegar um novo governante. Eu próprio tenciono visitar o País no final do mês, para me encontrar com ele, para discutir como é que as novas autoridades moçambicanas tencionam manter esta aliança com o Ruanda”, anunciou, na altura, Patrick Pouyanné.
A reunião não se realizou devido à forte agitação social e às manifestações pós-eleitorais da altura, que contestavam os resultados anunciados sobre a vitória de Daniel Chapo.
Num encontro com investidores, em Outubro, Patrick Pouyanné reconheceu “progressos no terreno” na luta contra o terrorismo, que, em 2021, levou a TotalEnergies a suspender o seu investimento em Cabo Delgado, e sublinhou a “aliança” de Moçambique com o Ruanda, que garante a segurança na zona onde se localiza o projecto, na península de Afungi.
O CEO acrescentou na mesma altura que o projecto para aquela área contava com um pacote de financiamento “bastante grande”, de cerca de 14 mil milhões de dólares, e que, desse total, “70% a 80%” estava “confirmado” pelos financiadores.

“Estão comprometidos e estamos à espera que três deles confirmem também o seu compromisso, porque é importante. E alguns deles estão em países ocidentais onde, diria eu, a posição relativamente ao financiamento de projectos de energia, petróleo e gás mudou. Mas todos eles nos dizem, repetem-nos, que estão comprometidos com o contrato que assinaram. É por isso que estamos à espera da luz verde para este financiamento”, explicou, garantindo que apenas aguardavam esta confirmação para “reiniciar o projecto.”
O objectivo é começar a produzir GNL em Afungi – localidade onde se encontram os projectos de liquefacção de gás natural na província de Cabo Delgado – em 2029, o que implicava que o empreendimento fosse “reiniciado em 2024”, o que não aconteceu.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, para produção e exportação de gás natural.