O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou que o primeiro trimestre de 2025 está “quase perdido” em termos de crescimento económico, devido à instabilidade provocada pela tensão pós-eleitoral que o País enfrenta desde Outubro de 2024.
Segundo Zandamela, o impacto negativo deverá ser significativo nos primeiros meses do ano, com projecções de “crescimento zero ou provavelmente negativo” até Março. No entanto, o governador destacou que as expectativas apontam para uma recuperação económica a partir do segundo trimestre, embora limitada a um desempenho “modesto” ao longo de 2025.
A declaração foi feita após a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, realizada na segunda-feira (27), em Maputo. Durante o encontro, foi aprovada uma redução na taxa de juro de política monetária (taxa MIMO), de 12,75% para 12,25%, como forma de estimular a actividade económica.
A decisão foi justificada pela manutenção de perspectivas de inflação num dígito no médio prazo, apesar dos riscos associados à tensão social, à pressão fiscal e aos choques climáticos.
Além da redução da taxa MIMO, o CPMO também decidiu baixar os coeficientes de reservas obrigatórias. Os passivos em moeda nacional passaram de 39% para 29%, enquanto os passivos em moeda estrangeira foram reduzidos de 39,5% para 29,5%. A medida visa aumentar a liquidez no sistema financeiro, promovendo a reposição da capacidade produtiva e o reforço da oferta de bens e serviços.

O Banco de Moçambique identificou a tensão pós-eleitoral como um dos principais factores que têm impactado negativamente a economia. Em Dezembro de 2024, a inflação anual subiu para 4,15%, contra 2,84% em Novembro, reflexo da redução na oferta de bens e serviços causada pelas manifestações e perturbações nas cadeias de abastecimento.
A inflação subjacente, que exclui frutas, vegetais e bens com preços administrados, também registou um aumento. Apesar disso, o banco central mantém a perspectiva de inflação controlada, graças à estabilidade do metical e às medidas recentemente adoptadas.
Entre os riscos apontados pelo CPMO para 2025 estão a continuidade da tensão política, os impactos climáticos e o aumento da pressão sobre a despesa pública, num cenário de capacidade limitada de financiamento. Rogério Zandamela enfatizou que o desempenho económico no resto do ano dependerá da implementação de reformas estruturais capazes de impulsionar a recuperação.
Com a próxima reunião do CPMO agendada para 26 de Março, o Banco de Moçambique continuará a avaliar o contexto económico para tomar novas medidas que possam mitigar os desafios actuais e estimular a retoma gradual da economia, procurando alcançar um crescimento sustentável até ao final de 2025.