O Governo manifestou preocupação sobre os possíveis impactos da suspensão temporária da ajuda externa dos Estados Unidos, decretada pelo Presidente Donald Trump no dia 20 de Janeiro. A medida, que vigorará por 90 dias enquanto é conduzida uma revisão dos programas de assistência, poderá afectar especialmente o sector da saúde, segundo declarou esta segunda-feira (27) a primeira-ministra Benvinda Levi.
De acordo com o jornal O País, a governante sublinhou que o maior impacto poderá ser sentido em programas essenciais para o sistema de saúde pública, muitos dos quais dependem de financiamentos externos para operar. “Neste momento, devemos aguardar a decisão definitiva dos Estados Unidos, mas reconhecemos que os desafios são significativos”, afirmou.
A suspensão faz parte de um conjunto de acções executivas assinadas por Trump no dia da sua posse para um segundo mandato como Presidente dos Estados Unidos. Entre essas medidas está também a retirada do país da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No seu discurso, Trump enfatizou que a suspensão temporária dos programas de assistência visa assegurar que estejam alinhados com os objectivos e interesses políticos da nova administração.
Ao criticar a chamada “indústria de ajuda externa”, o Presidente americano afirmou que esta não tem reflectido os valores americanos e que, em algumas ocasiões, tem contribuído para desestabilizar a paz mundial. Por isso, justificou a necessidade de uma revisão dos programas de assistência internacional dos EUA.
Nos últimos quatro anos, as autoridades americanas investiram cerca de 2,8 milhões de dólares (aproximadamente 179 milhões de meticais) em 55 projectos de infra-estruturas de saúde em Moçambique.
Entre as iniciativas realizadas estão o apetrechamento do Laboratório do Hospital da Machava, a construção de 23 espaços de Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens, bem como a renovação e construção de 20 unidades sanitárias.
Desde 2001, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA têm colaborado com o Governo moçambicano, organizações não-governamentais e parceiros multilaterais para enfrentar desafios de saúde pública, como o HIV, a tuberculose, a malária e, mais recentemente, a covid-19.