A Rede Viária de Moçambique (REVIMO), responsável pela construção, conservação e exploração de várias estradas nacionais, vai retomar a cobrança de taxas nas portagens a partir de segunda-feira, 27 de Janeiro, suspensas devido aos protestos pós-eleitorais, anunciou neste sabádo (26), a empresa.
“Informamos que, a partir de segunda-feira, será retomada a cobrança de taxas nas portagens […] sob nossa gestão”, lê-se num comunicado da Revimo, divulgado.
No documento, a empresa refere que as taxas cobradas através das portagens garantem a manutenção das infra-estruturas rodoviárias, afirmando que vai continuar a implementar medidas para a mitigação dos custos, “incluindo descontos” para o transporte colectivo de passageiros e de utilizadores frequentes.
“Reafirmamos o nosso compromisso em continuar a melhorar os nossos serviços e a oferecer soluções que beneficiem todos os utentes”, refere a entidade.
A Revimo terminou o ano de 2024 com a gestão de 675,1 quilómetros de estradas em cinco províncias de Moçambique, com 16 portagens (mais 33% comparativamente a 2023), e registou um crescimento de 11,3% no tráfego médio diário anual, que passou para 53 mil viaturas.
As concessões entregues pelo Estado à Revimo incluem a estrada N6 Beira-Machipanda, com uma extensão de 287 quilómetros (km), a Circular de Maputo, com 71,4 km, incluindo a estrada R804 Marracuene – Macaneta, numa extensão de 12 km, e a Ponte Maputo KaTembe e respetivas estradas de ligação com 187 km.
A empresa sul-africana Trans African Concessions (TRAC), concessionária da estrada N4, que liga Maputo à fronteira de Ressano Garcia, retomou, na quinta-feira, a cobrança de portagens, causando revolta popular, com os manifestantes a bloquearem a via e a polícia a efectuar vários disparos para reabrir os acessos à portagem de Maputo.
Moçambique vive desde 21 de Outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.
Venâncio Mondlane não reconhece os resultados proclamados das eleições gerais de 9 de Outubro, que deram a vitória a Daniel Chapo, já empossado como quinto Presidente de Moçambique.
De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, nestes protestos há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e pelo menos 750 pessoas baleadas.
Fonte: Lusa