Uma interface cérebro-computador (BCI) permitiu a um homem tetraplégico pilotar um drone virtual através de uma complexa pista de obstáculos, utilizando só e apenas os seus pensamentos.
De acordo com um estudo publicado a 20 de Janeiro na Nature Medicine, o indivíduo, que permanece anónimo, perdeu a mobilidade devido a uma lesão na espinal medula. Equipado com uma BCI com 192 eléctrodos implantados na região do cérebro responsável pelo movimento das mãos, o homem conseguiu comandar o drone graças a um algoritmo de Inteligência Artificial (IA) desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Michigan, liderada por Matthew Willsey.
De acordo com o portal New Scientist, ao imaginar movimentos específicos dos dedos, o participante foi capaz de gerar sinais diferentes para controlar o drone virtual.
O modelo de IA mapeou a actividade cerebral do participante para os movimentos imaginados, permitindo-lhe controlar quatro entradas distintas: dois sinais derivaram da imaginação de movimentos de diferentes pares de dedos e outros dois do polegar.
Com a prática, o indivíduo ganhou a capacidade de navegar o drone virtual com precisão, manobrando-o através de obstáculos com facilidade. Embora pudesse ter sido utilizado um drone real, a experiência foi realizada virtualmente para dar prioridade à segurança e à comodidade. A prática ganha um significado ainda maior, sabendo que o homem tinha uma paixão de longa data por voar.
“Para o participante, foi a realização de um sonho que pensava estar perdido quando sofreu a lesão. Tinha uma paixão e um sonho de voar. Parecia muito capacitado e habilitado; pedia-nos para fazer vídeos e enviava-os aos amigos”, disse Willsey.
Avanços recentes nas BCI — especialmente da Neuralink de Elon Musk — permitiram a pessoas com paralisia controlar cursores de computador e ditar texto através de uma caligrafia imaginária.
Apesar do sucesso, ainda existem obstáculos. Cada utilizador necessita de formação individualizada para calibrar o modelo de IA, e esta formação tem de ser repetida ao longo do tempo, à medida que o desempenho dos eléctrodos diminui devido a alterações cerebrais ou à variabilidade do sinal.