A decisão dos Estados Unidos da América (EUA) de se retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS) pode ter um impacto significativo nas iniciativas de saúde pública em África, alertou, nesta quinta-feira (23), o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África). A organização pediu aos países africanos que comecem a procurar fontes alternativas de financiamento para apoiar as suas acções de saúde.
A ordem executiva assinada por Donald Trump, na segunda-feira, logo após o início do seu segundo mandato, prevê a retirada dos EUA da OMS, o maior financiador da organização. Para os responsáveis de saúde pública em África, esta decisão levanta sérias preocupações quanto à capacidade da OMS de responder a emergências de saúde e combater doenças no continente sem o apoio financeiro dos EUA.
O funcionário sénior do CDC África, Ngashi Ngongo, sublinhou que muitos países africanos dependem do financiamento dos EUA através da OMS para a execução de programas de saúde pública. “Sabemos do papel que a OMS tem desempenhado no continente para melhorar efectivamente a execução dos programas de saúde”, afirmou Ngongo.
O responsável alertou para o impacto da redução ou corte de financiamento, destacando que “essa redução ou o corte do financiamento vai definitivamente afectar a capacidade de resposta do sector da saúde no continente.”
Na quarta-feira, o ministro das Finanças do Zimbabué também expressou preocupação, destacando que a retirada dos EUA pode resultar em cortes na ajuda à saúde de países como o seu, que são particularmente vulneráveis ao VIH/SIDA. A redução do financiamento, segundo os especialistas, pode agravar ainda mais a situação desses países.
Ngongo explicou que, embora o CDC África ainda não tenha feito um balanço completo da situação, a organização está a explorar outras fontes de financiamento, incluindo a possibilidade de parcerias com países não africanos. No entanto, manifestou também receios em relação ao impacto que a decisão de Trump pode ter em planos de acção conjuntos que o CDC África vinha desenvolvendo com o anterior Governo dos EUA ao longo do último ano.
Enquanto a situação continua a evoluir, a retirada dos EUA da OMS sublinha a necessidade urgente de África encontrar soluções financeiras sustentáveis para garantir a continuidade das suas iniciativas de saúde pública, especialmente no contexto de uma pandemia global.
Fonte: Reuters