O Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, exonerou na quinta-feira, 23 de Janeiro, Bernardino Rafael do cargo de comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), substituindo-o por Joaquim Adriano Sive.
Segundo divulgou a Lusa, num comunicado, a Presidência da República informou que a decisão foi tomada por despacho presidencial, no exercício das competências do chefe do Estado.
“Através do mesmo dispositivo legal, o Presidente da República nomeou Joaquim Adriano Sive para o cargo de comandante-geral da Polícia da República de Moçambique”, refere o documento.
Bernardino Rafael ocupava o cargo desde Outubro de 2017, na sequência de uma nomeação do então Presidente Filipe Nyusi, tendo sido renomeado em 2021. Na sequência da sua exoneração, Daniel Chapo determinou a promoção de Joaquim Adriano Sive ao posto de inspector-geral da Polícia, na classe de Oficiais Generais, e a sua nomeação como comandante-geral da PRM
Joaquim Adriano Sive já desempenhou funções de comandante provincial da PRM em Cabo Delgado e Nampula, Norte do País. A sua nomeação surge num contexto de críticas à actuação das forças policiais, sobretudo após o último processo eleitoral, que resultou em manifestações marcadas pela destruição e vandalismo de mais de 40% das infra-estruturas policiais, conforme noticiado anteriormente por Bernardino Rafael.

O novo ministro do Interior, Paulo Chachine, no seu primeiro discurso público após a tomada de posse, sublinhou a necessidade de restaurar a confiança entre a polícia e a população. O governante enfatizou que as acções da corporação devem ser orientadas pelas aspirações das comunidades e promover a transparência, o acolhimento e a solução de problemas.
“É nosso dever e missão restaurar a confiança das pessoas, da população, dos cidadãos (…). Eles devem estar no centro das nossas actividades, não nos podemos distanciar porque é deles que precisamos para cumprir a nossa missão com eficácia e eficiência”, afirmou.
Por outro lado, o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane emitiu um documento criticando a actuação de algumas unidades da PRM, acusando-as de execuções sumárias no período pós-eleitoral. Mondlane propôs que a população se organizasse como um “tribunal autónomo” para travar estas acções que resultaram em mais de 300 mortos e 600 feridos desde Outubro.
A posição consta de um documento, a que chamou de “decreto”, com 30 medidas para os próximos 100 dias, uma das quais refere que “cabe ao povo, às vítimas, constituir-se como um tribunal autónomo que emita sentenças para travar a onda macabra da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), Grupo de Operações Especiais (GOE) e Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic)”, sublinhou Mondlane.