A OpenAI está a desenvolver um modelo de Inteligência Artificial (IA) com o objectivo específico de ajudar a aumentar a esperança média de vida saudável das pessoas. O GPT-4b micro, nome dado a este modelo, está a ser desenvolvido em conjunto com a startup americana Retro Biosciences, que tem entre os seus principais investidores Sam Altman, CEO da OpenAI.
Segundo o portal da revista Visão, o modelo que está a ser criado pela empresa tecnológica está a ser aplicado aos chamados factores de Yamanaka. Esta descoberta, publicada em 2006 por um cientista japonês chamado Shinya Yamanaka, é considerada um marco nas ciências da vida e valeu mesmo ao seu criador um Prémio Nobel. O estudo descreve quatro factores de transcrição, proteínas que têm a capacidade de transcrever genes, que quando induzidos ao mesmo tempo permitem a transformação de células específicas em células embrionárias.
Várias empresas estão a trabalhar nesta possibilidade, entre elas a Retro Biosciences e a Altos Labs. A ideia é que a reprogramação celular evite o aparecimento de doenças e, consequentemente, o envelhecimento das células, dos órgãos e, em geral, do corpo humano. O que esta startup pretende alcançar é um aumento da esperança média de vida saudável dos humanos em dez anos nos próximos dez anos. E foi esta empresa tecnológica que contactou a OpenAI há cerca de um ano para trabalhar em conjunto neste problema.
A equipa que se dedicou ao projecto percebeu que a mesma tecnologia que alimenta os grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) pode trazer benefícios para tornar mais eficiente o processo de reconversão celular. Tipicamente, são precisas várias semanas para que uma célula mostre os efeitos de ‘rejuvenescimento’ dos factores de Yamanaka, e menos de 1% do total de células sujeitas a este sistema completa o processo.
O modelo GPT-4b micro foi treinado para sugerir formatos diferentes para as proteínas dos factores de Yamanaka com o objectivo de optimizar o processo de reprogramação celular. E segundo a OpenAI, a equipa já conseguiu alterar dois dos factores de Yamanaka tornando-os 50 vezes mais eficazes (segundo dados preliminares) aos resultados conseguidos exclusivamente pela investigação humana. “De uma forma geral, as proteínas parecem melhores do que aquelas que os cientistas conseguiram produzir sozinhos”, adiantou John Hallman, um investigador da OpenAI.

Este é o primeiro modelo da OpenAI focado em dados biológicos e representa a primeira aposta mais séria da tecnológica na utilização de IA para fins puramente científicos – algo que a Google já tem feito há muitos anos com a Deepmind e que valeu, inclusive, o mais recente Prémio Nobel da Química a Demis Hassabis.
O modelo GPT-4b micro foi treinado com exemplos de sequências de proteínas de diferentes espécies animais, assim como com a informação de que proteínas funcionam melhor entre si. Depois, os cientistas da Retro Biosciences usaram o modelo para criar novos desenhos das proteínas dos factores de Yamanaka. “Colocámos de imediato este modelo no laboratório e obtivemos resultados no mundo real,” salientou Joe Betts-Lacroix, CEO da Retro Biosciences.
Este modelo de Inteligência Artificial aplicado ao aumento da esperança média de vida saudável dos humanos não está ainda disponível fora dos laboratórios da OpenAI, mas a empresa confirmou que tenciona publicar estudos científicos com base neste trabalho de investigação.