A TotalEnergies contratou um grupo lobista de Washington (EUA) para auxiliar na aprovação de um financiamento crucial para o arranque da operação, num esforço para reactivar o projecto de gás natural liquefeito da Área 1, em Moçambique, paralisado há vários anos devido a questões de segurança, informou nesta quarta-feira, 22 de Janeiro, a agência Bloomberg.
Segundo o órgão, a instalação terrestre planeada — cujo custo foi estimado em 1,26 biliões de meticais (20 mil milhões de dólares) quando o projecto foi lançado — visa rentabilizar as principais descobertas de gás do País através da sua liquefacção e exportação em navios-tanque. O empreendimento havia atraído o maior financiamento jamais registado em África antes dos ataques de militantes ligados ao Estado Islâmico nas proximidades do local, em 2021, que levaram a empresa a retirar o seu pessoal e a suspender as operações.
Para que o projecto começasse a produção dentro do cronograma previsto, teria sido necessário reiniciar as actividades até ao final de 2024. No entanto, a TotalEnergies, que detém 26,5% do empreendimento, confirmou que as operações em Moçambique permanecem suspensas.
A petrolífera francesa contratou o grupo de “lobby” Primus Responsum para garantir a aprovação final do financiamento pelo conselho do Banco de Exportação-Importação dos Estados Unidos da América (Eximbank), que havia concordado, em 2020, em contribuir com 278 mil milhões de meticais (4,7 mil milhões de dólares) para o desenvolvimento do projecto.

De acordo com uma descrição das actividades da Primus Responsum, citada pela Bloomberg, o grupo deveria “identificar as pessoas-chave relevantes para essa avaliação, incluindo o pessoal do Eximbank e da administração Biden, e exortá-los a apoiar a aprovação do conselho do banco antes de 20 de Janeiro de 2025”.
A TotalEnergies não comentou sobre a contratação do grupo de lobby, o financiamento dos EUA ou o cronograma do projecto. O Eximbank e a Primus Responsum também não responderam aos e-mails enviados pela Bloomberg solicitando declarações.
Ainda segundo a agência noticiosa, a Primus Responsum receberia um “pagamento por etapas” de 15,8 milhões de meticais (250 mil dólares) caso o conselho do Eximbank aprovasse o financiamento do projecto até 20 de Janeiro de 2025.
Em Outubro, o director executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, afirmou que a empresa continua comprometida com o desenvolvimento do projecto, destacando alguns progressos feitos em relação à situação de segurança, mas que a empresa ainda aguarda a aprovação de três agências de crédito à exportação.