O antigo presidente do Conselho de Administração (PCA) da Electricidade de Moçambique (EDM), Marcelino Gildo, foi eleito esta quarta-feira, 22 de Janeiro, PCA das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Segundo o jornal domingo, a escolha de Marcelino Gildo foi feita durante a assembleia geral da companhia aérea, evento que também determinou a cessação de funções de Américo Muchanga que exercia o cargo.
A nomeação de Marcelino Gildo ocorre um dia depois de circularem notícias informando que a empresa LAM devolveu à Indonésia um Boeing 737-300 cargueiro após não conseguir certificá-lo para operações no território nacional. O processo, que resultou num custo total de 4 milhões de dólares (255 milhões de meticais), foi detalhado pela companhia num comunicado emitido na terça-feira (21).
De acordo com a LAM, a aeronave chegou a Moçambique no dia 31 de Dezembro de 2023, mas permaneceu nos hangares do Aeroporto Internacional de Maputo até 18 de Janeiro de 2025, data em que regressou a Jacarta, Indonésia. O cargueiro, com capacidade para transportar 17 toneladas, nunca realizou um único voo no País.

A operação envolveu um desembolso inicial de 3 milhões de dólares (191 milhões de meticais) para trazer a aeronave da Indonésia para Maputo, ao qual se somaram mais 930 mil dólares (59 milhões de meticais) relacionados com o aluguer do aparelho durante o ano em que esteve inactivo. A LAM informou ainda que a aeronave não recebeu a aprovação final da fabricante Boeing devido a modificações estruturais realizadas no cargueiro.
A aquisição do Boeing foi inicialmente promovida como uma solução para reforçar a capacidade operacional da empresa, especialmente no transporte de carga, que, segundo a gestão da altura, apresentava elevado potencial lucrativo. O cargueiro deveria entrar em operação em Março de 2024, sob a administração da Fly Modern Ark, empresa contratada para gerir a LAM naquele período.
Actualmente, a LAM enfrenta desafios significativos, incluindo uma frota reduzida composta por um Boeing 737, dois Q400, dois Bombardier CRJ 900 e dois Embraer 145, operados pela sua subsidiária, Moçambique Expresso. Apesar de deter o monopólio dos voos domésticos, a companhia estatal tem sido alvo de críticas por atrasos frequentes, cancelamentos e dificuldades de gestão.
Adicionalmente, a LAM lida com uma dívida acumulada de 300 milhões de dólares (19,1 mil milhões de meticais), situação que agrava ainda mais a sua sustentabilidade financeira. A devolução do cargueiro evidencia as dificuldades em alinhar a gestão estratégica às operações práticas da companhia.
O caso levanta questões sobre a eficiência do planeamento e a capacidade de execução da gestão da LAM, além de expor lacunas na coordenação entre as metas operacionais e a realidade do mercado de aviação em Moçambique.