Um grupo de cientistas da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, criou uma película termoeléctrica flexível que transforma o calor do corpo humano em electricidade, utilizando o efeito Seebeck. Com apenas 0,3 mm de espessura e uma capacidade de geração de até 35 microwatts por centímetro quadrado, esta inovação tem o potencial de revolucionar dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, roupas conectadas e equipamentos médicos. Este avanço não só reduz a dependência de baterias, como também promove a sustentabilidade na tecnologia wearable.
A película termoeléctrica recorre ao efeito Seebeck, um fenómeno físico que converte as diferenças de temperatura entre o corpo humano e o ambiente em energia eléctrica. Graças à sua espessura ultrafina, esta tecnologia pode ser facilmente integrada em dispositivos portáteis, assegurando um contacto confortável com a pele e uma transferência de calor eficiente.
Com a capacidade de gerar até 35 microwatts por centímetro quadrado, a película é suficiente para alimentar pequenos dispositivos electrónicos, como relógios inteligentes ou monitores de saúde. Este desempenho ultrapassa o de materiais termoeléctricos anteriores, representando um progresso significativo no sentido da viabilidade comercial desta tecnologia.
De acordo com o site Drivingeco, o potencial desta inovação abrange diversas aplicações. No sector da saúde, dispositivos médicos, como oxímetros de pulso, poderão operar de forma contínua sem necessitarem de baterias, garantindo a monitorização ininterrupta de sinais vitais cruciais.
No sector do fitness, os smartwatches e as pulseiras desportivas tornar-se-iam auto-suficientes, eliminando a necessidade de substituição de baterias e melhorando a comodidade dos utilizadores. As roupas inteligentes também seriam beneficiadas, permitindo, por exemplo, a regulação da temperatura do utilizador enquanto aproveitam o calor do corpo para gerar energia, abrindo caminho para avanços tecnológicos têxteis.
Com apenas 0,3 mm de espessura e uma capacidade de geração de até 35 microwatts por centímetro quadrado, esta inovação tem o potencial de revolucionar dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, roupas conectadas e equipamentos médicos
Um dos principais aspectos deste avanço é a melhoria da densidade de potência. A película pode gerar mais energia do que as tecnologias termoeléctricas anteriores, graças à sua concepção ultrafina e à composição avançada de materiais semicondutores.
A flexibilidade da película assegura um contacto constante com a pele, mantendo um gradiente de temperatura estável que maximiza a produção de energia. Esta estrutura não só melhora o desempenho, como também alarga as aplicações possíveis, desde dispositivos portáteis a sistemas de arrefecimento pessoal.
O desenvolvimento de dispositivos portáteis auto-sustentáveis não só melhora a funcionalidade, como também tem implicações positivas para o ambiente. A eliminação das pilhas reduz significativamente o lixo electrónico, um problema crescente na indústria tecnológica.
Além disso, esta tecnologia promove a eficiência energética ao aproveitar um recurso renovável: o calor do corpo. Ao reduzir a necessidade de recarregamento frequente, os dispositivos portáteis podem ter uma vida útil mais longa, reduzindo o seu impacto ambiental e promovendo uma electrónica de consumo mais sustentável.

Esta descoberta marca um passo importante em direcção a um futuro em que os dispositivos portáteis serão completamente auto-sustentáveis. Os investigadores prevêem que esta tecnologia possa ser aplicada não só a dispositivos portáteis, mas também ao arrefecimento de chips electrónicos em smartphones e computadores, melhorando o seu desempenho e eficiência.
À medida que os desenvolvimentos continuarem, espera-se o surgimento de nova geração de dispositivos portáteis que não só são mais eficientes, como também amigos do ambiente. Este progresso é um exemplo do potencial transformador da tecnologia termoeléctrica, que poderá redefinir a forma como interagimos com a tecnologia wearable nos próximos anos.
O impacto desta tecnologia vai para além dos wearables. A sua aplicação poderá ser alargada a sectores como o automóvel e a robótica, onde a eficiência energética é crucial. A investigação abre também a porta a futuras inovações no domínio das energias renováveis, com dispositivos que aproveitam fontes de calor anteriormente inexploradas.
Com os actuais avanços, o futuro dos dispositivos electrónicos parece estar orientado para a sustentabilidade. O calor do corpo, uma fonte constante e gratuita, pode tornar-se o pilar de uma nova era de tecnologia limpa, em que a inovação e o respeito pelo ambiente andam de mãos dadas.