O valor da importação de combustíveis no País ultrapassou 1,8 mil milhões de dólares (113,7 mil milhões de meticais) nos primeiros nove meses de 2024, superando os gastos registados em todo o ano de 2023, segundo um relatório do Banco de Moçambique (BdM), informou a Lusa, esta segunda-feira, 20 de Janeiro.
De acordo com o documento, o montante é significativamente superior aos 88,4 mil milhões de meticais (1,4 mil milhões de dólares) gastos em 2023 e próximo do total de 2022, que foi de 120 mil milhões de meticais (1,9 mil milhões de dólares).
Os dados mostram um aumento progressivo ao longo dos trimestres: 19 mil milhões de meticais (301 milhões de dólares) no primeiro, 39,2 mil milhões de meticais (621,1 milhões de dólares) no segundo e 59,1 mil milhões de meticais (935,9 milhões de dólares) no terceiro trimestre. Este crescimento reflecte o impacto de factores económicos globais e regionais, bem como a elevada procura interna.
Durante a pandemia de covid-19, os custos foram mais baixos, nomeadamente, 59,8 mil milhões de meticais (947 milhões de dólares) em 2021 e apenas 34,2 mil milhões de meticais (542 milhões de dólares) em 2020. No entanto, o cenário mudou com a recuperação económica e o aumento do consumo.
Entretanto, em Junho de 2023, o BdM anunciou o fim do co-pagamento das facturas de importação de combustíveis, uma medida que estava em vigor desde 2005 para ajudar os bancos comerciais.
A decisão teve por base a fragmentação das facturas, agora em montantes menores, permitindo aos bancos mais pequenos financiar estas transacções.
O reembolso remonta a 2005 e chegou a atingir os 100% a partir de 2010, porque havia “montantes elevados, entre 10 a 20 milhões de dólares numa única factura”, o que tornava incomportável para um banco ou grupo de bancos apoiá-la, explicou Silvina de Abreu, administradora do banco central na altura.
Nos últimos anos, “as facturas estão bastante fragmentadas”, por vezes na ordem de “um milhão de dólares ou menos”, o que permite aos bancos menores entrarem “neste mercado de financiamento de combustíveis”, acrescentou.
A crescente dependência dos combustíveis importados reforça a necessidade de diversificar as fontes de energia e de reforçar as políticas para mitigar os impactos económicos das flutuações dos preços globais dos combustíveis.