Moçambique não pretende rever os termos contratuais com a TotalEnergies nem com a ExxonMobil, relativos aos projectos de gás natural liquefeito (GNL) da bacia do Rocvuma, Norte do País, afirmou o novo chefe do Estado, Daniel Chapo, nesta sexta-feira (17), em entrevista a Reuters.
Chapo, que assumiu o cargo de quinto Presidente da República na quarta-feira (15), após meses de protestos da oposição contra a sua vitória eleitoral, afirmou que o seu País conta com os projectos de energia das duas petrolíferas e de outras empresas para revolucionar a economia moçambicana e colocar as finanças públicas, actualmente instáveis, numa base mais sólida.
Referindo-se ao projecto de 20 mil milhões de dólares da TotalEnergies na província de Cabo Delgado (suspenso desde 2021, quando uma insurgência islâmica ameaçou o local), Chapo fez questão de sublinhar que o seu Governo não está em posição de rever os termos porque a empresa francesa ainda não está a produzir gás.
“Actualmente, eles [TotalEnergies] estão a fazer investimentos, os contratos são novos, por isso, nestes casos, não há lugar para rever contratos, porque ainda nem entraram em vigor em termos de operação”, explicou o governante.
Chapo, de 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional (CC) como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos. Formado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane, em 2000, o novo chefe do Estado de Moçambique nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro do País, a 6 de Janeiro de 1977, sendo, por isso, o primeiro Presidente nascido já depois da independência (1975).
A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane – que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos, mas que reclama vitória – a exigirem a “reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que já provocaram 300 mortos e mais de 600 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
Os protestos pós-eleitorais, têm perturbado algumas empresas estrangeiras que operam em Moçambique, como a Syrah Resources e o Gemfields Group, assim, perante a estes desafios, Chapo sublinhou que “o diálogo é a única forma de os resolver”.