A nova ministra das Finanças, Carla Alexandra Louveira, afirmou haver necessidade de “reestruturação” da dívida pública, alertando que o País perdeu receitas de mais de 658 milhões de dólares após as manifestações pós-eleitorais.
“Um dos desafios que temos é mesmo a gestão da dívida pública. O trabalho que temos de fazer é uma reflexão para a reestruturação da nossa dívida, para que, dentro daquele espaço orçamental, possamos assegurar o pagamento da dívida, mas também responder às necessidades correntes do Orçamento do Estado”, disse a ministra, após a tomada de posse do novo Governo, neste sábado (18), em Maputo.
“Os indicadores do fecho do ano passado que nos foram apresentados mostram que só no mês de Dezembro houve uma perda de cerca de 14 mil milhões de meticais (217,1 milhões de dólares) de receita, decorrente das manifestações. O ano completo de 2025 está a contar com uma perda de receita de cerca de 42 mil milhões de meticais (651,5 milhões de dólares). Portanto, esta perda de espaço acabou por comprometer o exercício do ano passado”, descreveu a nova ministra das Finanças.
Carla Louveira defendeu a necessidade de, em 2025, se incrementar o crescimento económico, cuja previsão para 2024 era de 5%, mas que deverá ser revisto em forte baixa devido às tensões e paralisações pós-eleitorais.
“Queremos que neste exercício económico toda a recuperação económica aconteça, para que haja capacidade, disponibilidade, recuperação, estabilidade económica no sentido de a actividade económica acontecer e também os retornos provenientes da captação de recursos por parte do sector privado possam beneficiar aquilo que é o Orçamento do Estado. Dessa forma, podemos assegurar aquilo que são os sectores prioritários”, reconheceu.
A posse do novo Governo, cuja primeira-ministra, também empossada hoje (juntamente com outros 12 ministros), é a antiga juíza e ministra da Justiça Maria Benvinda Levi, acontece após praticamente três meses de violentas manifestações contestando o processo em torno das eleições gerais de 9 de Outubro.
Estes protestos, convocados pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane – que não reconhece os resultados, alegando “fraude eleitoral” –, provocaram mais de 300 mortos e acima de 600 pessoas baleadas, e degeneraram em violência e confrontos com a polícia, saques, pilhagens e destruição de infra-estruturas públicas e privadas.