Este documento analisa os impactos da instabilidade política na economia de Moçambique, examinando a redução do PIB, a fuga de investimentos estrangeiros, a desestabilização do sector dos transportes e do comércio, o ambiente de negócios desfavorável e as consequências sociais.
O documento também apresenta dados económicos e a avaliação de risco, destacando a classificação de risco e as perspectivas para o crescimento económico, dívida pública, inflação, desemprego e reservas internacionais.
Por fim, conclui a análise apresentando recomendações sobre a necessidade urgente de tomada de medidas para estabilizar a situação política em Moçambique e promover um ambiente propício para o crescimento económico e o bem-estar social.
Redução do PIB
A instabilidade política tem impactado negativamente o Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique. A incerteza política e os conflitos têm resultado na redução dos investimentos estrangeiros e na desaceleração do crescimento económico.
Impacto no investimento externo
A crise política afasta investidores estrangeiros, que são cruciais para o desenvolvimento de sectores estratégicos como o de gás natural e de infra-estruturas. Projectos importantes podem ser adiados ou cancelados devido à falta de segurança e previsibilidade.
Impacto no sector de transportes e comércio
As manifestações e bloqueios nas fronteiras e portos têm paralisado o transporte de mercadorias, afectando o comércio interno e externo. Isso resulta na escassez de produtos, aumento de preços e prejuízos para a economia.
Ambiente de negócios desfavorável
A instabilidade cria um ambiente de negócios desfavorável, levando empresas locais e multinacionais a reconsiderarem as suas operações no país. A insegurança política e económica pode resultar na retirada de empresas e na perda de empregos.
Impacto social da instabilidade política
Além dos impactos económicos, a instabilidade política também afecta a vida quotidiana dos cidadãos. A violência e os tumultos dificultam a realização de actividades económicas e a manutenção de uma rotina estável.
Face à situação actual, poderá haver um agravamento da despesa pública devido ao aumento de gastos com a segurança e a necessidade de reconstrução
Dados económicos e avaliação da Fitch
A Fitch Ratings classificou o risco de Moçambique em ‘CCC+’ e a instabilidade económica e social que vivemos actualmente não ajuda a melhorar. Esta classificação reflecte os elevados níveis de dívida pública, dificuldade na gestão das finanças públicas, baixo PIB per capita, finanças externas fracas, fracos indicadores de governação e uma situação de segurança desafiadora.
A Fitch esperava que o crescimento real do PIB de Moçambique permanecesse forte, com uma média de 4,5% entre 2024 e 2025, impulsionado pelo desenvolvimento do sector do gás natural liquefeito (LNG) e pela retoma dos projectos de infra-estrutura. Contudo, face à situação actual, poderá haver um agravamento da despesa pública devido ao aumento de gastos com a segurança e a necessidade de reconstrução.
Previa-se também que a relação dívida/PIB do Governo devia diminuir para 93,6% do PIB no final de 2024 e 90,2% em 2025, principalmente devido ao forte crescimento nominal do PIB, mas, actualmente, esta meta está comprometida.

Dados estatísticos adicionais
O PIB de Moçambique deverá crescer para 1536 biliões de meticais (aproximadamente 22,322 milhões de euros) em 2024, o que corresponde a um crescimento económico esperado de 5,5%.
A taxa de inflação anual foi de 6,8% em Outubro de 2024, reflectindo aumentos nos preços dos alimentos e combustíveis. A taxa de desemprego em Moçambique foi estimada em 25,3% no final de 2023, com uma leve redução esperada para 24,8% em 2024 devido à criação de novos empregos nos sectores de construção e energia.
As Reservas Internacionais Líquidas foram de 3,7 mil milhões de dólares em Novembro de 2024, suficientes para cobrir cerca de cinco meses de importações de bens e serviços não factoriais.