Num esforço crucial para mediar a tensão política em Moçambique, a União Europeia (UE) reuniu-se na terça-feira, dia 14, com líderes dos principais partidos da oposição, segundo um comunicado de imprensa. Este encontro estratégico, realizado um dia antes da controversa tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente da República, teve como objectivo explorar caminhos para amenizar a crise desencadeada pelas eleições de 9 de Outubro.
De acordo com o documento, o encontro em Maputo foi uma plataforma para Albino Forquilha, do Podemos, Ossufo Momade, da Renamo, Lutero Simango, do MDM e Salomão Muchanga, da Nova Democracia, expressarem as suas preocupações sobre a situação política vigente.
“A União Europeia está profundamente empenhada em apoiar Moçambique a encontrar soluções pacíficas e democráticas para os desafios actuais. Promovemos um diálogo inclusivo e estamos prontos para ajudar a construir consensos que respeitem os princípios democráticos e a lei”, lê-se no comunicado.
Desde a divulgação dos resultados eleitorais, que apontaram Daniel Chapo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como o vencedor com 65,17% dos votos, Moçambique tem enfrentado uma onda de manifestações organizadas por Venâncio Mondlane, o segundo candidato mais votado com 24% dos votos.
Mondlane contesta a decisão do Conselho Constitucional, alegando fraude eleitoral e exigindo a realização de uma auditoria independente. Segundo dados de organizações da sociedade civil, os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança resultaram em quase 300 mortos e cerca de 600 feridos.
A tomada de posse de Chapo na quarta-feira (15) foi realizada sob fortes medidas de segurança. Este evento marcou mais um pico de tensão, com a plataforma eleitoral Decide a actualizar os números de mortos durante os protestos para 11 apenas naquele dia, com um total de 311 óbitos desde o início dos confrontos em 21 de Outubro.
O comunicado da UE destacou ainda a importância de todas as partes envolvidas se comprometerem com o respeito pela legalidade e o diálogo construtivo. “É vital que todas as vozes sejam ouvidas e que se encontre um caminho comum que assegure a estabilidade política e a reconciliação nacional,” concluiu o documento.
Texto: Felisberto Ruco