O director-executivo da petrolífera Eni, Cláudio Descalzi, garantiu ao novo Presidente da República, Daniel Chapo, que a empresa irá alargar a operação no projecto de gás natural liquefeito (GNL) em andamento na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, Norte do País.
Numa carta de felicitações dirigida a Chapo, que foi investido nesta quarta-feira, 15 de Janeiro, Descalzi sublinhou que a multinacional italiana tem o compromisso de reforçar ainda mais a sua colaboração com o País e dar mais projecção ao GNL produzido no território nacional.
“Pretendemos projectar Moçambique no panorama global do GNL e alargar a nossa estratégica parceria através da implementação do projecto Coral Norte FLNG na bacia do Rovuma. Esteja certo de que o nosso objectivo é apoiar a estratégia de desenvolvimento a longo prazo de Moçambique, através de iniciativas de Conteúdo Local e aceleração da transição energética do País com a nossa iniciativa de óleo vegetal e projectos florestais”, sublinha-se no documento.
“A Eni finalizou o Plano de Desenvolvimento, que está actualmente em discussão com os parceiros e com o Governo de Moçambique para aprovação final, ao mesmo tempo, e estamos a avançar com processos de aquisição, estudos de impacto ambiental, incluindo contratos associados à perfuração”, garantiu na altura.
Um estudo da consultora Deloitte concluiu em 2024 que as reservas de GNL de Moçambique – que conta actualmente com projectos em curso ou em estudo de multinacionais petrolíferas como a TotalEnergies, ExxonMobil e Eni – representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares, destacando a importância internacional do País na transição energética.
“As vastas reservas de gás do País poderão fazer de Moçambique um dos dez maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040”, referiu o relatório.
No seu primeiro discurso, Daniel Chapo anunciou a criação de um Banco de Desenvolvimento de Moçambique, financiado com recursos do gás natural, assim como um amplo conjunto de medidas para revitalizar a economia e apoiar a população.
“Pretendemos projectar Moçambique no panorama global do GNL e alargar a nossa estratégica parceria através da implementação do projecto Coral Norte FLNG na bacia do Rovuma”
“Vamos criar o Banco de Desenvolvimento de Moçambique para desenvolver infra-estruturas, financiar e impulsionar melhor projectos estratégicos para o progresso do nosso país. Com os recursos gerados pelos activos do gás, vamos capitalizar esse banco e investir de imediato em projectos que transformem a vida dos moçambicanos”, disse o Presidente.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, todas localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento, ainda sem anúncio à vista, liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.