A operação de resgate levada a cabo pelo Governo sul-africano na antiga mina de ouro de Buffelsfontein, em Stilfontein, na África do Sul, revelou que a maioria dos mineiros ilegais resgatados é de Moçambique, noticiou a Sunday World, esta quarta-feira, 15 de Janeiro.
De acordo com a informação, no segundo dia da operação, 106 mineiros foram retirados com vida do poço, 67 dos quais moçambicanos. No total, 51 corpos foram recuperados desde o início da operação e 132 pessoas foram resgatadas com vida, após ficarem presas a grandes profundidades durante meses, enquanto tentativas de resgate eram feitas pela polícia.
O porta-voz da polícia sul-africana, Brigadeiro Athlenda Mathe, afirmou que “entre os mineiros resgatados estavam também 26 cidadãos do Lesoto, 11 zimbabueanos e dois sul-africanos”. A operação, levada a cabo pela Mines Rescue Services, utiliza um rebocador de salvamento móvel e segue um horário diário, começando às 6h e terminando às 22h. O custo estimado para o Governo da África do Sul é de 39,9 milhões de meticais (12 milhões de rands).
O resgate ocorre no âmbito da Operação Umgodi Ditch, uma iniciativa lançada pelo Estado sul-africano para combater a mineração ilegal, que tem devastado áreas como Stilfontein. Desde Agosto de 2024, foram detidos mais de 1576 mineiros ilegais. Entre eles, 997 eram moçambicanos, o que reflecte o peso significativo de cidadãos do País que participam nesta actividade.
Até à data, 121 mineiros ilegais foram deportados, incluindo 80 moçambicanos. Outros 46 foram condenados por crimes relacionados com o garimpo ilegal, invasão de propriedade e violação da Lei da Imigração. A sentença inclui uma multa de cerca de 40 mil meticais (12 mil rands) ou seis meses de prisão suspensa por cinco anos, desde que não reincidam nas mesmas práticas.

O impacto da operação resultou ainda na apreensão de mais de 640 kg de material contendo ouro, 6,2 kg de ouro refinado, explosivos e armas de fogo.
A presença significativa de moçambicanos nesta tragédia reflecte os desafios económicos que levam muitos cidadãos a procurar trabalho em condições perigosas e ilegais fora do País. O caso evidencia a necessidade de esforços conjuntos entre Moçambique e África do Sul para criar condições que previnam este tipo de situações, protegendo vidas e promovendo alternativas económicas seguras.
As operações de resgate continuam, com as autoridades empenhadas em resgatar os restantes mineiros e minimizar o impacto das actividades ilegais nas comunidades locais.