Pelo menos seis pessoas perderam a vida e 15 foram feridas a tiro na segunda-feira, 13 de Janeiro, no primeiro de três dias de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, segundo uma actualização feita hoje (14) pela plataforma eleitoral Decide.
De acordo com o balanço daquela organização não-governamental (ONG), que monitoriza os processos eleitorais no País, registaram-se três vítimas mortais na Zambézia e três em Inhambane, elevando para 300 o número de mortos nas manifestações pós-eleitorais desde o dia 21 de Outubro.
Segundo a Decide, neste primeiro dia de novas manifestações, marcado pela tomada de posse, em Maputo, dos deputados eleitos no dia 9 de Outubro para a Assembleia da República, registaram-se ainda sete casos de pessoas feridas a tiro na Zambézia, três em Inhambane, quatro na cidade de Maputo e um na província de Maputo.
Desde o início das manifestações de contestação aos resultados eleitorais, convocadas por Venâncio Mondlane, já foram baleadas 613 pessoas, de acordo com a ONG e, pelo menos, 4220 pessoas foram detidas, duas das quais na segunda-feira, na cidade de Maputo.
O candidato presidencial apresentou, no domingo (12), a sua disponibilidade para uma “pacificação nacional”, exigindo algumas medidas para participar no diálogo político, visando pôr fim à tensão pós-eleitoral.
“Tem de haver medidas concretas, que a população sinta no seu dia-a-dia que este diálogo está também a lembrar-se dela. A minha proposta foi o compromisso nacional de construção de três milhões de casas para jovens em cinco anos e uma verba até 37,9 mil milhões de meticais (600 milhões de dólares) para as Pequenas e Médias Empresas (PME) que sofreram durante o período das manifestações”, declarou Venâncio Mondlane, indicando que as medidas devem ser transformadas em lei.
Além da libertação dos cerca de cinco mil detidos durante as manifestações de contestação dos resultados eleitorais, Mondlane pediu a aprovação, numa lei ou através de resolução parlamentar, de um compromisso do Governo para a criação de uma linha de financiamento de até 31,6 mil milhões de meticais (500 milhões de dólares) para Micro e Pequenas Empresas de jovens e de mulheres, em cinco anos.
Na sua intervenção, Mondlane apelou igualmente ao tratamento médico e medicamentoso gratuito para todos os que foram feridos durante os protestos, assim como uma compensação financeira para aqueles que perderam familiares.
“Se isto for feito com estas medidas, eu, Venâncio, sinto que temos uma boa plataforma para iniciarmos em Moçambique um processo de reconciliação, de pacificação”, disse, afirmando querer “o bem-estar do povo.”