O líder do partido português Chega, André Ventura, defendeu que Portugal não deve reconhecer Daniel Chapo como novo Presidente de Moçambique, até estarem dissipadas as suspeitas de fraude nos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro.
Ventura considerou “uma má solução” que a representação do país na tomada posse de Chapo, na quarta-feira, 15 de Janeiro, seja assegurada pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
“Nada obsta a que Portugal esteja presente, mas se vai estar na cerimónia alguém do Governo português há que deixar claro em Moçambique e para os moçambicanos que o que aconteceu é um ataque à liberdade, que nós não devíamos reconhecer este Presidente até termos a certeza do que aconteceu”, afirmou.
O presidente do Chega afirmou que “o Estado português tem de manter relações com Moçambique por ser um dos Estados mais próximos e uma antiga colónia portuguesa”, mas considerou que deve “ser firme com o novo Governo mesmo que isso implique alguma ligeireza” nas relações entre os dois países.
“Moçambique, neste momento, é corrupção, vive numa violência e burla política. Portugal não deve estar associado a isso, portanto, se Paulo Rangel lá vai, espero que quando estiver com a imprensa portuguesa, moçambicana e internacional possa dizer isso”, defendeu.
André Ventura comparou a situação em Moçambique ao que se passou na Venezuela e considerou que “há um grupo de pessoas ligadas ao poder durante anos, alimentadas também pela classe política portuguesa que não quer sair do poder sob nenhum pretexto, querem ficar a todo o custo”, sustentou.
“É preciso dizer que a Frelimo foi alimentada pela classe política portuguesa, quer o PS, o PSD e o PCP, isto durante muitos anos”, acrescentou.
Na sexta-feira, 10 de Janeiro, o Parlamento português aprovou, na generalidade, uma recomendação ao Governo para que não reconheça os resultados das eleições gerais em Moçambique “devido às graves irregularidades e fraudes denunciadas e documentadas.”
Entretanto, na segunda-feira, 13 de Janeiro, foi confirmado que Portugal vai estar representado na posse de Daniel Chapo pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel, que chega a Maputo na manhã desta quarta-feira.
Apesar das contestações, Daniel Chapo, candidato da Frelimo, foi declarado vencedor pelo Conselho Constitucional, com 65,17% dos votos.