A multinacional francesa TotalEnergies, responsável pelo projecto Mozambique LNG, um dos mais promissores de África, encontra-se numa fase preparatória para um possível recomeço das actividades ainda este ano na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.
Mas enquanto a “força maior” não é levantada, a major francesa prepara algumas mudanças na organização e irá nomear uma nova liderança para o projecto em Moçambique. Trata-se de Nicolas Cambefort, que já se encontra em Maputo, e assumirá o cargo em substituição de Stéphane Le Galles que, em poucos anos, criou uma vasta rede em Moçambique.
De acordo com o portal Africa Intelligence, Cambefort estava anteriormente baseado em Paris, França, onde era responsável pelo desenvolvimento de parques eólicos offshore da empresa. Este é o primeiro cargo que o engenheiro formado na École Nationale Supérieure d’Arts et Métiers irá ocupar em África.
“Desde a sua entrada no grupo em 1999, Cambefort trabalhou na Noruega, nos Estados Unidos e na Indonésia. Em Moçambique, trabalhará ao lado de Maxime Rabilloud, que dirige a filial do grupo francês no País desde 2021. Rabilloud aguarda com expectactiva a retoma das actividades interrompidas em 2021 devido à situação de insegurança face aos ataques terroristas”, descreveu a publicação.

Reinício da operação ainda dependente das questões de segurança
Para além do terrorismo em Cabo Delgado, Moçambique debate-se desde Outubro com uma crescente instabilidade pós-eleitoral, que obrigou ao encerramento de várias empresas, levando mais de 12 mil moçambicanos para o desemprego. Os protestos aos resultados das eleições gerais são convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Assim, a TotalEnergies fez saber que também está à espera de ver como o Presidente da República eleito, Daniel Chapo, vai lidar com a violenta crise política que já resultou em dezenas de mortes, bem como saber como o governante “vai trabalhar com os milhares de soldados ruandeses encarregados de proteger a província de Cabo Delgado.”

Espera pelo Financiamento dos EUA
As questões relacionadas com o financiamento também estão por detrás do atraso do reinício das actividades. No ano passado, o Banco de Exportação-Importação (Exim) dos Estados Unidos da América (EUA) adiou a sua decisão de conceder apoio financeiro ao projecto.
O regresso oficial do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca, a 20 de Janeiro, levará “inevitavelmente” à substituição de todo o conselho de administração da agência americana de crédito à exportação.
Entretanto, o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, espera que a tendência pró-hidrocarbonetos da nova administração republicana facilite a validação da garantia do Exim Bank, visto tratar-se de um apoio essencial, tendo em conta que o banco de importação-exportação dos Países Baixos e outros estão também à espera de luz verde do seu homólogo americano antes de decidirem investir.
A ExxonMobil, que opera no mesmo local que a Mozambique LNG, na península de Afungi, em Cabo Delgado, espera tomar a sua decisão final de investimento na Rovuma LNG até ao final deste ano ou no início de 2026.
A empresa está à espera de receber os estudos Front End Engineering Design (FEED), cujo contrato foi adjudicado no final do ano passado à Technip Energies e à JGC Corp. A ExxonMobil está também a apoiar a TotalEnergies no seu acordo com o Exim Bank dos EUA para obter as garantias necessárias para o “Mozambique LNG.”