O Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA) prevê que as economias africanas cresçam 3,7% este ano e 4% em 2026, acelerando face aos 3,4% registados no ano passado.
“A expansão económica reflecte a melhoria de condições globais, entre as quais está o desagravamento dos constrangimentos do lado da oferta, particularmente no sector energético da África do Sul, o desanuviamento das condições financeiras e uma forte recuperação do turismo internacional”, lê-se no relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspectivas para 2025, da ONU.
No documento, os economistas do UNDESA alertam, no entanto, que esta expansão moderada, e alimentada principalmente pelas maiores economias africanas, como o Egipto, Nigéria e África do Sul, enfrenta vários riscos, entre os quais estão “os desenvolvimentos geopolíticos e constrangimentos na balança de pagamentos”, para além de preços alimentares elevados em vários países devido a eventos climáticos extremos, apesar de um abrandamento da inflação.
O estudo, que prevê um crescimento global de 2,8% este ano, o mesmo que no ano passado, ainda abaixo dos 3% registados antes da pandemia de covid-19, alerta que o problema da dívida continua a ser central para as economias africanas.
“A sustentabilidade da dívida continua a limitar o espaço orçamental em África, que se reduziu devido às despesas relacionadas com a pandemia, às medidas de estímulo à economia e a investimentos em programas sociais essenciais”, aponta-se no documento, no qual se salienta que “os volumes de dívida externa registaram recordes históricos, levando a que muitos problemas de dívida estejam em debt overhang” (expressão utilizada para descrever um nível de dívida tão alto que impede a contracção de nova dívida e o financiamento de novos investimentos).
O relatório anual das Nações Unidas sobre a situação económica e social a nível mundial nota que a perspectiva de evolução do comércio em África é composta de diferentes tendências, com a África do Sul a continuar a enfrentar persistentes cortes de energia que prejudicam as exportações, e com vários países exportadores de matérias-primas a terem de enfrentar uma perspectiva de redução dos preços.
A somar a isto, boa parte dos países africanos enfrenta consequências adversas das alterações climáticas, salienta a ONU, defendendo a necessidade de criação de medidas que permitam ao continente acelerar a transição energética e a mitigação e adaptação a este fenómeno.
“A necessidade de África adaptar-se às alterações climáticas é reconhecida de forma generalizada, e extensos esforços de adaptação estão a ser levados a cabo no continente, mas o apoio internacional financeiro continua a registar um fraco crescimento, deixando o continente vulnerável a estes riscos”, lamenta a ONU, concluindo que a aposta no desenvolvimento das cadeias de valor dos minerais críticos para a transição energética é “uma oportunidade única para aumentar o crescimento, criar empregos e aumentar as receitas públicas para o investimento no desenvolvimento sustentável.”
ANO | 2024 | 2025 | 2026 |
Angola | 2,9 | 3,1 | 3,5 |
Cabo Verde | 4,9 | 4,8 | 4,6 |
Guiné-Bissau | 4,0 | 4,3 | 4,9 |
Guiné-Equatorial | -3,8 | -3,2 | -3,8 |
Moçambique | 4,1 | 4,8 | 5,0 |
São Tomé e Príncipe | 2,2 | 3,2 | 3,5 |
Fonte: Lusa