Várias empresas moçambicanas estão preocupadas com a circulação de documentos falsos após os saques que aconteceram no dia 25 de Dezembro no contexto das manifestações pós-eleitorais. As entidades revelaram que, durante a vandalização dos seus estabelecimentos, foram levados “documentos confidenciais”, contactos, papel timbrado e carimbos.
“Alertamos que, nos próximos dias, documentos falsificados poderão circular no nosso nome”, lê-se num desses avisos, publicado pelas empresas Maputo Grain Terminal e pela MEREC Industries.
“Para garantir a autenticidade dos mesmos, pedimos que todos os documentos que forem recebidos sejam validados previamente”, refere outro aviso citado pela Lusa, publicado pela empresa Espiga D’Ouro.
A Confederação das Associações Económicas (CTA) estimou que mais de 500 empresas foram vandalizadas durante as manifestações, e que pelo menos 12 mil pessoas estão agora sem emprego.
“Estas são empresas que foram vandalizadas e estão localizadas, sobretudo, na província de Maputo, onde está a maior parte do tecido industrial do País”, afirmou Onório Manuel, vice-presidente do pelouro da Indústria ao nível da CTA.
“Estamos a falar das maiores indústrias alimentares do País que já estão com equipamentos danificados e estão com as suas infra-estruturas totalmente destruídas. Vamos ter escassez de produtos e, provavelmente, registar uma subida galopante de preços”, explicou o responsável, avançando ainda que o número de empresários que pondera encerrar as suas portas devido à insegurança está a subir.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou em 23 de Dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos.
Desde 21 de Outubro, quando começou a contestação ao processo em torno das eleições gerais de 9 de Outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide, uma organização não-governamental que acompanha o processo, contabiliza quase 300 mortos e mais de 600 pessoas baleadas.