O Governo angolano recorreu a um empréstimo de 600 milhões de dólares junto do banco norte-americano JPMorgan para cumprir a legislação do Banco Nacional de Angola (BNA). Esta lei exige que os empréstimos ao Estado sejam pagos em dinheiro até ao fim do ano em que são contraídos.
Segundo o jornal Expansão, a decisão foi tomada depois de o Governo ter garantido, em Dezembro de 2024, um financiamento adicional de 500 milhões de dólares com o Standard Chartered Bank. Este valor foi destinado a cobrir “necessidades orçamentais de final de ano, incluindo infra-estruturas e apoio ao comércio”, como avançou o Executivo.
A operação com o JPMorgan envolveu ainda um colateral de 1,2 mil milhões de dólares, garantido através de uma emissão de eurobonds contingentes. Essa emissão, realizada a 27 de Dezembro de 2024, foi feita a uma taxa de juro de 10,95%, que muitos analistas consideram demasiado alta. Embora tenha cumprido a legislação, a operação gerou controvérsia.
A falta de clareza sobre os detalhes da operação tem levantado preocupações sobre a transparência do processo. Especialistas alertam que essa falta de informações claras pode afectar negativamente a imagem e o crédito de Angola no mercado financeiro internacional.
Apesar de ter evitado o incumprimento da lei do BNA, a solução adoptada pelo Governo levanta dúvidas sobre os impactos a longo prazo na reputação do país. O alto custo da operação e a falta de transparência alimentam um clima de incerteza, o que pode dificultar futuras negociações financeiras de Angola no mercado internacional.