A Capital Economics fez saber que Moçambique corre um risco crescente de incumprimento da sua dívida, já que as tensões políticas sobre as disputadas eleições gerais tendem a aumentar, principalmente com o regresso a Maputo do candidato presidencial da oposição Venâncio Mondlane.
A entidade recordou que a economia do País foi devastada por meses de protestos mortais, que levaram ao encerramento de indústrias críticas, incluindo a mina de grafite no Norte de Moçambique operada pela empresa australiana Syrah Resources, que conta com a Tesla de Elon Musk entre os seus clientes.
Em entrevista a Semafor Africa, David Omojomolo, economista na Capital Economics, alertou para a existência de um risco crescente de incumprimento, pois os investidores reagiram negativamente à incerteza política e começaram a retirar os seus investimentos.
“Não esperávamos uma desaceleração ou contracção do crescimento económico no quarto trimestre de 2024 e, se as condições actuais persistirem, haverá uma estagnação adicional nos próximos meses”, sublinhou.
De acordo com o economista, a situação também pode afectar projectos importantes de gás, com os quais se conta para a atracção de investimento estrangeiro directo, incluindo o da TotalEnergies (avaliado em 20 mil milhões de dólares, localizado na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado) cujas actividades foram suspensas em 2021 devido aos ataques terroristas.
A Capital Economics alertou que o País “estará, certamente, a caminhar, para um calote soberano se os planos forem descartados. O projecto, no Norte, já enfrentou atrasos devido às preocupações de segurança sobre uma insurgência rebelde na região.”
Os resultados das eleições divulgados em Dezembro mostraram que Daniel Chapo, do partido Frelimo, obteve 65% dos votos presidenciais. Mas observadores internacionais afirmaram que a eleição foi marcada por irregularidades, e Venâncio Mondlane garantiu que a eleição foi fraudulenta.
No início dos protestos, no ano passado, a S&P Global Ratings alertou que a crescente agitação em Moçambique poderia aumentar os já altos riscos de incumprimento. A situação económica incerta no País é agravada pelo impacto do ciclone Chido, que causou estragos na região em Dezembro.