O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa afirmou estar “indeciso” sobre a sua participação na cerimónia de tomada de posse do Presidente eleito, Daniel Chapo, um evento que terá lugar próxima quarta-feira (15), na cidade de Maputo.
“À medida que o tempo avança, vamos analisar o vosso programa e ver até que ponto o mesmo está bem alinhado com as nossas várias actividades”, avançou o governante citado pela Agência de Informação de Moçambique.
A posição surge numa altura em que o País vive há mais de dois meses num clima de tensão pós-eleitoral com manifestações gerais a acontecerem em quase todas as províncias, o que levou a milhares de mortos e feridos nos confrontos entre os apoiantes de Venâncio Mondlane e as Forças de Defesa e Segurança.
No entanto, Ramaphosa sublinhou que o seu país está pronto e disposto a apoiar Moçambique no caso de a agitação política persistir. Intervindo nesta quinta-feira, 9 de Janeiro, durante um fórum empresarial progressista do Congresso Nacional Africano (ANC), Ramaphosa garantiu estar a acompanhar de perto os acontecimentos no País.
A eleição de Daniel Chapo foi marcada por protestos e agitação, uma vez que a oposição rejeita os resultados eleitorais, o que levou várias vezes ao encerramento do posto fronteiriço de Ressano Garcia, que liga os dois países, com consequências para a economia das duas nações.
No evento, o Presidente sul-africano recordou: “Esta é uma situação que afecta sobremaneira a maioria dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sem acesso ao mar que, por isso, dependem dos corredores e portos moçambicanos para a importação e exportação das suas mercadorias, tais como Botsuana, Zimbabué, Maláui, Zâmbia e Reino de Essuatíni.”
“Como membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, estamos preparados, dispostos e capazes de lhes dar todo o apoio possível para poderem ultrapassar os desafios que enfrentam e esperamos que a tomada de posse de 15 de Janeiro corra bem e que tenham todo o nosso apoio de todas as formas possíveis”, descreveu.
Portugal também ainda não confirmou presença
A questão da deslocação do Presidente português à cerimónia continua em análise. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, declarou na terça-feira (7) que a possibilidade de participação “está a ser avaliada”, mas até ao momento não foi tomada uma decisão final. A delicadeza da situação política em Moçambique, marcada por protestos e episódios de violência pós-eleitoral, poderá ser um dos factores a influenciarem a presença de líderes internacionais no evento.
Num comunicado emitido a 23 de Dezembro, Rebelo de Sousa reconheceu os desafios pós-eleitorais e apelou ao diálogo, sublinhando que tomou “devida nota dos resultados” e incentivava a um processo de concertação política.
Chapo Assume a Presidência Num Contexto de Contestação
Apesar das contestações, Daniel Chapo, candidato da Frelimo, foi declarado vencedor pelo Conselho Constitucional, com 65,17% dos votos. A sua tomada de posse, inicialmente marcada para 2 de Janeiro, acabou por ser reagendada para 15 de Janeiro, permitindo um período de ajustamento num ambiente politicamente tenso.