O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) anunciou esta sexta-feira, 10 de Janeiro, que está a monitorizar a evolução da tempestade tropical “Dikeledi”, que deverá entrar no canal de Moçambique no domingo, tornando-se o segundo fenómeno do género a afectar a região em menos de um mês, informou a agência Lusa.
Inicialmente classificada como uma depressão tropical formada a nordeste da ilha de Madagáscar, Dikeledi evoluiu para tempestade tropical e deverá intensificar-se nas próximas horas, atingindo o estágio de ciclone tropical no sábado, 11 de Janeiro. “As projecções actuais indicam que este sistema meteorológico tem potencial de atingir o estágio de ciclone tropical no dia 11, próximo à costa leste de Madagáscar. Dikeledi poderá entrar no canal de Moçambique no dia 12 do mês em curso”, lê-se no comunicado emitido pelo INAM.
Apesar da intensificação prevista, o INAM assegura que o fenómeno ainda não representa perigo para a costa nem para o território nacional, sublinhando, no entanto, que está a acompanhar a evolução da situação.
O País enfrenta esta nova ameaça meteorológica pouco tempo depois da passagem do ciclone tropical intenso Chido, de nível 3 (numa escala de 1 a 5), que atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na madrugada do dia 14 de Dezembro. Após enfraquecer para tempestade tropical severa, Chido continuou a afectar as províncias do Norte do País nos dias seguintes, provocando chuvas intensas, com acumulados superiores a 250 milímetros em 24 horas, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes, segundo informações do Centro Nacional Operativo de Emergência.
De acordo com dados actualizados pelas autoridades, o ciclone Chido causou pelo menos 120 mortes e deixou 868 pessoas feridas no Norte e Centro do País. O fenómeno afectou directamente 687 630 pessoas, o equivalente a 138 037 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Tete e Sofala, segundo o balanço mais recente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique.
Entre as vítimas mortais, 110 foram registadas em Cabo Delgado, sete em Nampula e três em Niassa. Além das perdas humanas, o ciclone causou danos significativos a infra-estruturas, habitações e meios de subsistência, deixando um rastro de destruição nas regiões afectadas.
Moçambique é reconhecido como um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas no mundo, enfrentando regularmente ciclones tropicais e cheias durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril. Esses fenómenos extremos, que se tornam cada vez mais frequentes e intensos, evidenciam a necessidade de medidas urgentes para fortalecer a resiliência das comunidades e mitigar os impactos das mudanças climáticas.