Numa interacção telefónica com o Presidente eleito Daniel Chapo, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, transmitiu preocupação com “o clima de violência e tensão” que se vive em Moçambique em resultado dos protestos convocados por Venâncio Mondlane, tendo reiterado disponibilidade para trabalhar com as autoridades e as restantes forças políticas de modo a solucionarem o problema.
“A conversa permitiu reiterar as mensagens de forte preocupação do Governo português com o clima de violência e de tensão que se seguiu às eleições de 9 de Outubro, lamentando profundamente as perdas de vidas humanas”, referiu um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
De acordo com o documento, na ocasião “foi abordada a necessidade de assegurar um cessar imediato da violência e de garantir a segurança da população e de todos os actores políticos, designadamente dos que foram candidatos às eleições gerais.”
“O primeiro-ministro renovou os apelos do Governo à máxima contenção por parte das autoridades moçambicanas e de todos os responsáveis políticos, de forma a contribuir para um clima de paz, de segurança e de diálogo inclusivo, que permita abordar as causas profundas das tensões políticas e sociais no País”, acrescentou.
Montenegro transmitiu a Daniel Chapo que a protecção da comunidade portuguesa residente em Moçambique “é uma prioridade absoluta para o Governo português, que permanece activo no apoio e na salvaguarda da segurança dos seus cidadãos.”
“Foi sublinhada a disponibilidade do Governo português para trabalhar com as autoridades e com as restantes forças políticas e da sociedade civil, em todas as frentes, para ultrapassar as actuais dificuldades”, concluiu o texto.
Em 23 de Dezembro, o Conselho Constitucional (CC), última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória do seu partido, que manteve a maioria parlamentar.
Organizações da sociedade civil revelaram que confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de Outubro.