O ciclone Chido destruiu, no mês de Dezembro, mais de 330 escolas e três serviços distritais de educação na província de Cabo Delgado, no Norte do País, segundo dados oficiais divulgados esta sexta-feira, 10 de Janeiro, informou a agência Lusa.
De acordo com o porta-voz da Direcção Provincial da Educação de Cabo Delgado, Rachide Sualé, a situação afecta mais de 108 mil alunos e 1280 professores, em oito distritos, sendo Mecúfi, Chiúre, Namuno e Metuge os mais prejudicados, a poucas semanas do início do ano escolar de 2025.
“Temos três serviços distritais de Educação, Juventude e Tecnologia afectados de forma severa. Temos também 337 escolas e um total de 1419 salas destruídas, bem como 166 blocos administrativos e 512 sanitários. Também aqui houve estragos em 92 casas de professores”, acrescentou o porta-voz.
O ciclone tropical intenso Chido, de nível 3 (numa escala de 1 a 5), atingiu a zona costeira do Norte de Moçambique na madrugada de 14 de Dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, continuando, nos dias seguintes, a fustigar as províncias do Norte com “chuvas muito fortes acima de 250 milímetros por 24 horas, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas também muito fortes”, segundo informação anterior do Centro Nacional Operativo de Emergência.
Dados actualizados recentemente pelas autoridades adiantam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do Chido no território nacional.
Segundo Rachide Sualé, a Direcção Provincial da Educação de Cabo Delgado está a trabalhar com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), para mitigar o impacto do ciclone nos oito distritos e tentar melhorar o desempenho dos alunos no próximo ano lectivo.
“A Unicef já entregou chapas, pregos e barrotes para três distritos (Mecúfi, Chiúre e Metuge), para erguer salas de forma rápida, a que nós chamamos de espaços temporários para acolher crianças que estarão nas escolas após o dia 31 de Janeiro” disse Sualé, acrescentando que a construção dos mesmos arrancará na próxima semana.
“Em Chiúre temos 72 espaços, em Metuge serão construídos 17 e em Mecúfi 16”, concluiu.
O ciclone afectou 687 630 pessoas, o correspondente a 138 037 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Tete e Sofala, segundo o último balanço do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique. Do total de óbitos confirmados, 110 registaram-se em Cabo Delgado, sete em Nampula e três em Niassa.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.