O Dry January (ou Janeiro Seco) — desafio em que os participantes ficam sem consumir álcool durante todo o mês de Janeiro — já começou, e pesquisas indicam que a prática traz benefícios à saúde, como a melhoria do sono, a perda de peso, a redução da pressão arterial e o aumento de energia.
Trata-se de uma tendência popular iniciada pela organização britânica Alcohol Change U.K., em que as pessoas se abstêm de consumir bebidas alcoólicas durante o mês de Janeiro, com o objectivo de obter vantagens para a saúde.
Embora tenha começado no Reino Unido, milhões de americanos participam a cada ano: 35% dos adultos nos Estados Unidos aderiram ao desafio em 2022, em comparação com 21% em 2019, segundo dados da agência internacional de análise e insights CGA Strategy.
O consumo excessivo de álcool está associado a riscos para a saúde, como cancro, doenças cardíacas ou hepáticas, pressão alta, aborto espontâneo, depressão, ansiedade, dependência alcoólica, acidente vascular cerebral ou sistema imunológico enfraquecido, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention.
Beber regularmente e interromper o consumo por 30 dias pode melhorar o sono e a energia, além de reduzir os níveis de colesterol, a pressão arterial e as proteínas relacionadas com o cancro, conforme um estudo publicado em 2018 na revista BMJ Open.
Cerca de 90% das pessoas que participaram no Janeiro Seco em 2018 economizaram dinheiro, 71% relataram sono melhor, 58% perderam peso, 54% notaram melhorias na pele e 67% sentiram mais energia, segundo um estudo de 2019 da Universidade de Sussex. Seis meses após completar o desafio, os participantes, em média, beberam um dia a menos por semana e consumiram cerca de uma dose a menos por dia em relação ao consumo anterior ao desafio, conforme um estudo de 2016 da American Psychological Association.
A crescente popularidade do Janeiro Seco pode estar relacionada com o menor consumo de álcool pela Geração Z em comparação com outras gerações. Quase 30% dos estudantes universitários em 2018 relataram abstenção de álcool, contra 20% em 2002, segundo um estudo de 2020 publicado no JAMA Network Open.
Eventos direccionados para a Geração Z realizados no Club Congress, em Tucson, Arizona, registaram 25% menos vendas de álcool em comparação com eventos dirigidos a gerações mais velhas, de acordo com David Slutes, director de entretenimento do local, em declarações à Billboard.
Embora não haja uma resposta definitiva sobre por que razões a Geração Z consome menos álcool, há algumas teorias, de acordo com Akhil Anand, psiquiatra especializado em dependência da Cleveland Clinic. Essas hipóteses incluem maior consciencialização sobre saúde mental, educação precoce sobre os riscos do álcool, maior uso de cannabis e a crescente popularidade de um estilo de vida saudável.
Além de Janeiro…
Outro desafio de abstinência popular é o Sober October (“Outubro Sóbrio”, em livre tradução para o português), em que os participantes não consomem álcool durante todo o mês de Outubro, com o dinheiro arrecadado a destinar-se ao Macmillan Cancer Support (uma das maiores instituições de caridade britânicas e que presta cuidados de saúde especializados, informação e apoio financeiro a pessoas afectadas pelo cancro).
Alerta
Embora o Janeiro Seco possa ser útil para quem consome álcool moderadamente, não é recomendado para pessoas dependentes de álcool. A Alcohol Change U.K. alerta que “quem é clinicamente dependente de álcool pode morrer se parar de beber repentinamente.”
A interrupção abrupta pode causar a síndrome de abstinência alcoólica, que inclui sintomas como náusea, vómitos, suor excessivo, pressão alta, insónia, ansiedade, agitação, batimento cardíaco acelerado e tremores. Sem tratamento, esses sintomas podem evoluir para convulsões violentas, delírio tremens (forma grave de abstinência com febre, pressão alta e alucinações) ou até morte. O recomendado é procurar orientação médica para realizar uma desintoxicação segura.
Fonte: Forbes Brasil