O acesso ao Aeroporto Internacional de Maputo está condicionado pela polícia, desde as primeiras horas de hoje, quinta-feira, 9 de Janeiro. No local, ouviram-se disparos e alguns acessos, além de bloqueados, encontram-se fortemente vigiados, inclusive por militares.
A situação acontece depois do anúncio da chegada do candidato presidencial do Podemos, Venâncio Mondlane, a Moçambique, após mais de dois meses desde que fugiu do País, por questões de segurança, como protesto aos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro.
Na ronda feita pelo Diário Económico, foi possível constatar que nas vias de acesso ao aeroporto as viaturas estão a ser controladas pela polícia e impedidas de seguir em direcção ao interior. Há uma presença massiva de apoiantes e simpatizantes de Mondlane, que, mesmo com o mau tempo que se faz sentir na cidade de Maputo desde quarta-feira, 8 de Janeiro, não perderam a oportunidade de se dirigir ao aeroporto para receber o político.
Conforme o recomendado por Mondlane, que deverá aterrar em Maputo às 8h05 (horário moçambicano), os seus apoiantes estão trajados de preto e branco, com cartazes, apitos e vuvuzelas. No entanto, para afastar a multidão, a polícia começou a disparar gás lacrimogénio, prevendo-se um confronto directo entre as partes.
Até agora, não se sabe ao certo que acontecimentos estão previstos para hoje e o que realmente se pode esperar, visto que Mondlane carrega consigo vários processos-crime por incitação às manifestações violentas que têm vindo a acontecer no País desde 21 de Outubro e que causaram danos materiais e vários mortos.
O Tribunal Supremo já afirmou, anteriormente, que não há nenhum mandado de captura emitido para Mondlane nos tribunais. Mas o Ministério Público abriu processos contra o candidato presidencial, enquanto autor moral de manifestações que, só na província de Maputo, terão causado prejuízos, devido à destruição de infra-estruturas públicas.
Na live do passado domingo, 5 de Janeiro, para além de anunciar o regresso, Mondlane convidou os seus apoiantes a irem recebê-lo e afirmou mesmo: “Gostaria de convidar o próprio Presidente da República, o Procurador-Geral da República, a presidente do Conselho Constitucional e o presidente do Supremo Tribunal a irem receber-me”. Algo que, naturalmente, não deverá suceder.
Moçambique tem sido palco de manifestações organizadas por apoiantes do candidato da oposição, que contestam os resultados divulgados pelo Conselho Constitucional. Organizações da sociedade civil referem que os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança já resultaram em quase 300 mortos e cerca de 600 feridos.
O anúncio provocou novo caos em todo o País, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, colocando barricadas, promovendo pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar repor a ordem.
Texto: Cleusia Chirindza