O Top 100 African Banks 2024 incluiu três bancos moçambicanos. O Standard Bank ocupa o 54.º lugar, seguido do Millennium Bim (56.º) e do BCI (63.º). O topo da lista continua a ser dominado pelos bancos sul-africanos.
Na edição deste ano do Top 100 African Banks, publicado pela revista The Banker, os analistas concluíram que a depreciação das principais moedas africanas face ao dólar foi a variável que mais afectou os activos e os fundos próprios dos maiores bancos, em particular na África do Sul (que vale 40% dos activos totais) e na Nigéria (o terceiro maior mercado).
Entre os 100 maiores bancos do continente, houve 52 instituições que registaram um declínio no valor dos seus activos expressos em dólares e 41 sofreram uma queda no indicador Tier 1 Capital, que mede o grau de solvabilidade. O desempenho melhorou substancialmente no critério dos lucros, com 71 bancos a alcançarem resultados positivos e com a taxa média de rentabilidade antes de impostos a ascender a 18,2%.
O ano correu particularmente mal aos bancos nigerianos devido ao aumento da inflação e à desvalorização da moeda local (naira) em mais de 50% face ao dólar. Em consequência, oito bancos deste país (dos nove presentes no top) perderam mais de 15% do valor Tier 1 Capital. Pelas mesmas razões, o ano também não foi favorável para os bancos quenianos (dos 11 analisados, oito registaram reduções de dois dígitos na taxa de rentabilidade) e angolanos (cujo valor dos seus activos diminuiu, devido à descida abrupta da cotação do kwanza). Sorte diferente tiveram os bancos marroquinos e egípcios, com melhorias significativas em todos os indicadores e com subidas generalizadas de posições na lista dos maiores bancos.
Bancos nacionais perdem posições
No que se refere a Moçambique, o Standard Bank Moçambique (do grupo sul-africano Standard Bank) é o mais bem classificado do País, segundo a ordenação pelo critério Tier 1 Capital. O banco ocupa o 54.º lugar entre os 100 maiores de África, embora perdendo quatro posições em relação à listagem do ano passado. Em sentido contrário, o Millennium bim ascendeu ao 56.º lugar (era 61.º) e o BCI – Banco Comercial e de Investimentos também subiu para a 63.ª posição (era 69.º em 2023 e, no ano anterior, não fazia parte da listagem).
No ranking ordenado por activos, todos os bancos moçambicanos melhoraram, mas as posições invertem-se. O BCI lidera com 3,3 mil milhões de dólares, sendo o 62.º maior de África (subiu quatro lugares). O segundo é o Millennium bim com 3 mil milhões de dólares (está em 67.º, melhorou oito posições) e o terceiro é o Standard Bank Moçambique com 2,5 mil milhões (82.º, um lugar acima).
No ranking por rentabilidade, as diferenças são ainda mais ténues. O Millennium bim teve lucros antes de impostos de 160 milhões de dólares (acima dos 142 milhões registados no ano passado), o BCI lucrou 157 milhões (abaixo dos 172 milhões em 2023) e o Standard Bank também aumentou de 143 para 154 milhões de dólares este ano.
Standard Bank lidera continente
O topo da lista deste ano continua a ser ocupado pelo sul-africano Standard Bank, o único do país vizinho que registou uma melhoria no valor da Tier 1 Capital face ao ano passado, apesar da quebra de 2,5% nos activos, compensada pelo crescimento de 23% nos lucros, em moeda local. Nas posições seguintes estão os também sul-africanos FirstRand e Absa Group.
A novidade é que, no quarto lugar, passa a surgir o Afreximbank, do Egipto, que destronou o Nedbank Group, da África do Sul. Seguem-se três bancos marroquinos (Attijariwafa Bank, Groupe Banques Populaire e Bank of Africa), um egípcio (CIB Egypt) e, por fim, outro sul-africano (Investec), que ascendeu ao top 10 por troca com o nigeriano Zenith Bank.
Por países, o Egipto é o que tem mais bancos presentes no top 100 africano (com 16, mais um do que no ano passado). Seguem-se o Quénia (com 11, aumentou dois) que suplantou a Nigéria (com nove, perdeu dois). A Tunísia (nove) e Marrocos (oito) mantiveram o número de bancos, assim como a África do Sul (que tem apenas sete bancos entre os 100 maiores, sinal da tendência de concentração do sector bancário patente neste país) e as ilhas Maurícias.
Angola com cinco bancos no Top 100
Destaque também para Angola que conseguiu posicionar cinco bancos entre os 100 maiores de África. O líder nacional é o BAI (Banco Angolano de Investimento) que ocupa a invejável 30.ª posição do continente, o BFA (Banco de Fomento Angola) está em 42.º lugar, o banco BIC em 43.º, o Millennium Atlântico em 82.º e, por fim, o BPC (Banco Poupança e Crédito), que se estreou no top com a entrada para o 99.º lugar, sendo o único que aumentou os activos.
No ranking dos bancos africanos com melhor desempenho, os mais bem classificados são o CIB (Commercial International Bank) do Egipto, o GTBank (Guaranty Trust Bank), do Gana e o United Bank for Africa, da Nigéria.
Texto: Jaime Fidalgo • Fotografia: D.R.