Sendo um dos principais players do mercado de TV por satélite no País, onde opera desde 2011, a Mstar-ZAP Moçambique tem vindo a consolidar a sua posição no mercado enquanto empresa líder na distribuição, promoção e criação de mais e melhor conteúdo nacional em língua portuguesa.
Em 2024, a Mstar-ZAP lançou novos canais, cresceu e reforçou, ainda mais, a proximidade com os seus clientes, através do aumento da rede de agentes e lojas em todas as províncias do País. Para 2025, o plano passa por expandir a oferta de conteúdo nacional e continuar a apostar nas novas tecnologias, para enfrentar os desafios do mercado, acelerando, ainda, a transição para IPTV. Hélder Tembe, administrador da empresa em Moçambique, realça, nesta entrevista à E&M, o facto de a empresa ter alcançado, em 2024, o seu maior número de clientes, e dá algumas pistas sobre a estratégia para 2025.
Como é que a ZAP se tem adaptado às mudanças e desafios no sector das telecomunicações, particularmente a distribuição de produtos televisivos?
Os desafios, para a ZAP, não são, a esse nível, diferentes dos das outras provedoras de televisão por satélite. Temos estado a acompanhar o desenvolvimento da indústria a nível global, e em Moçambique em particular, ou seja, temos estado atentos às novas tecnologias e formas de transmitir conteúdos. Não queremos estar aquém do desenvolvimento da indústria. Obviamente que, no País, estamos ainda com um caminho a percorrer quando em comparação com o resto do mundo, mas, apesar disso, somos o maior distribuidor de canais televisivos em língua portuguesa, e até diria que quase 70% ou 80% dos nossos canais já são transmitidos em alta definição. Ou seja, temos vindo a desenvolver um esforço enorme para transmitir melhores conteúdos com maior qualidade. Diria que esse é um factor diferenciador da ZAP. Temos várias metas por alcançar e não estamos ainda onde gostaríamos de estar, não por falta de vontade, mas porque estamos também inseridos num mercado que apresenta desafios que, com trabalho e perseverança de toda a nossa equipa, vamos ultrapassando dia após dia.
Neste sentido, que serviços ou produtos foram mais procurados pelos clientes neste ano de 2024?
Temos um conjunto de vários pacotes televisivos, casos do mini, mini+, max e premium. O nosso produto mais procurado, neste caso, é o mini, que é o de valor mais económico. Este é o pacote que tem mais procura e mais adesão, por isso mesmo. Entendemos que apesar de ser um pacote mini, na nossa óptica, é uma oferta muito bem constituída, pois temos mais de 45 canais disponíveis, alguns canais nacionais, desporto, filmes e conteúdos infantis. Está muito bem estruturado e é o mais vendido na nossa plataforma. Obviamente, como disse, temos outros pacotes com outro tipo de valores. Mas o mini está enquadrado num ponto que encontra o ponto de equilíbrio entre qualidade da oferta de serviço e as possibilidades da maior parte das famílias moçambicanas, ou seja, é o mais acessível, mas, ao mesmo tempo, oferece um número de canais e de conteúdos que são apelativos.
Quais foram os principais investimentos no âmbito da expansão inclusiva e distribuição de conteúdos em 2024?
A nossa rede de distribuição já está muito bem estruturada. Ao longo do País temos 14 lojas próprias, de Maputo até Lichinga, no Niassa. E temos cerca de 350 agentes activos em todo o País. Ao longo deste ano, o que fizemos, em termos de oferta, foi acrescentar ou introduzir alguns novos canais na grelha, caso dos Z-Sports, que foram introduzidos há alguns meses. É uma novidade que estamos a trazer para o mercado e não vamos parar por aqui! Haverá outras que poderemos anunciar nos próximos meses. De certeza que, em 2025, teremos, não só, novos investimentos ao nível da infra-estrutura, como também, sem entrar em grandes detalhes porque, como sabe, ‘o segredo é a alma do negócio’, a entrada de novos canais na grelha.
Percebo que, para a ZAP, inovação e proximidade com o cliente são muito importantes. É assim?
A forma de melhorarmos constantemente a nossa oferta, a vários níveis, passa, em primeiro lugar, pela constante interacção com o cliente e em tentarmos estar cada vez mais próximos. Para ter uma ideia, a nossa linha de atendimento ao cliente, o call center, é premiado quase todos os anos como um dos melhores neste ramo de actividade. Isto não acontece por acaso, são os próprios clientes que dão este feedback. Quando ligam para a nossa linha de apoio, com qualquer que seja a sua preocupação, são bem atendidos e os seus problemas são resolvidos. Ou seja, procuramos estar próximos dos nossos clientes a esse nível, e no serviço que é o core da ZAP, disponibilizar conteúdos e produtos de qualidade indiscutível.
E que outras novidades estão planificadas para 2025 nas áreas de conteúdos e do posicionamento do mercado?
Como dizia, não podemos revelar todos os segredos porque estaria a dar informação privilegiada a um mercado competitivo e atento, mas, de forma geral, para 2025, temos a intenção de introduzir mais conteúdo nacional, ou seja, termos na nossa plataforma e na nossa oferta mais canais nacionais. Também lhe posso adiantar que vão ser conteúdos que abrangem todas as faixas etárias. Logo, e isso posso afiançar, 2025 será um ano promissor!
Como é que a Mstar-ZAP tem contribuído para o desenvolvimento do sector audiovisual e produção de conteúdo no País? Há planos de fortalecer esta posição em 2025?
Como saberá, não temos um canal próprio nacional. Quando se fala em desenvolvimento de conteúdo a nível local, seria mais eficaz se o tivéssemos, mas, não tendo, trabalhamos com canais nacionais que são nossos parceiros, casos da STV, TV Sucesso ou TVM. Através destes parceiros, promovemos e incentivamos a produção de conteúdos nacionais através de patrocínios, ofertas e várias promoções que fazemos. Estamos muito activos como patrocinadores na área do desporto nacional, nas modalidades de basquetebol, futebol, natação e ténis. É a nossa forma de contribuir, não só para o desenvolvimento das várias modalidades desportivas, mas também para o fomento do conteúdo nacional. O que seria mais cómodo para nós, porventura, era apenas introduzir as ligas portuguesa e espanhola, e ficar por aí. Mas temos o posicionamento estratégico de estar presentes como impulsionadores do crescimento e desenvolvimento da produção de conteúdo nacional, a vários níveis.
Quais são as estratégias da empresa para promover a inclusão digital?
Nós, através do próprio regulador, o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), contribuímos para um fundo que é o Fundo de Serviço de Acesso Universal (FSAU). Este fundo preconiza a divulgação e distribuição de conteúdos televisivos nas praças públicas, nos distritos, ou seja, às pessoas que têm menos acesso à televisão. Através da nossa contribuição junto do regulador, permitimos que pessoas que estejam num distrito longínquo, onde se calhar não existe um agente da ZAP ou uma loja, obviamente tenha, numa praça ou num estabelecimento público, um sinal da ZAP para poder assistir aos nossos conteúdos. Claro que, para além desta questão do FSAU, como disse no início, temos agentes espalhados pelo País inteiro e, através deles, também queremos massificar a distribuição dos nossos serviços e produtos. À medida que o País se vai desenvolvendo, a rede eléctrica vai-se expandindo e a ZAP vai acompanhando este movimento ao nível dos distritos. Se a pessoa já tem energia em sua casa, vai comprar o rádio, depois vai adquirir uma televisão… E o que queremos é que, quando decidir comprar esses aparelhos, possa optar por um descodificador da ZAP. Então, é desta forma que estamos a procurar expandir a nossa rede de clientes, seguindo, obviamente, o ritmo do desenvolvimento do próprio País e dando, desta forma, o nosso humilde contributo para a inclusão digital em Moçambique que, como se sabe, é um dos desígnios sociais, a médio e longo prazo, da nossa sociedade.
Como vê o futuro do sector audiovisual, especialmente considerando o crescimento das IPTV ilegais?
Vejo que este é um caminho sem retorno. Em Moçambique também já começámos a ir por esta via. Infelizmente, temos a proliferação de descodificadores pirateados, um tema que afecta directamente o nosso negócio. Esta é uma actividade que não está, ainda, a ser regulada, e entendemos que será esse o caminho que o sector está a seguir. Pela dimensão e posição que a ZAP ocupa neste, e noutros mercados, não podemos nem queremos estar alheios a esta tendência que a indústria, a nível global, está a seguir. Estamos, obviamente, atentos, e a equacionar várias hipóteses para minimizar o impacto dessa actividade.
Há alguma preocupação que a ZAP já tenha remetido às autoridades sobre este assunto? Como é que estão a lidar com isto?
Como dizia, não é só a ZAP que está preocupada com este tema, mas todos os operadores, em conjunto. Temos estado em conversações com o próprio regulador, que também está atento e preocupado com este tema, e acredito que quer resolver ou, pelo menos, mitigar esta proliferação de boxes piratas que está a afectar o sector. Esta não é, portanto, uma iniciativa da ZAP por si só, não estamos nesta causa de forma isolada, é uma preocupação de todos, incluindo do próprio regulador. O INCM tem demonstrado que está atento a esta questão, e acredito que a breve trecho teremos todos uma plataforma de entendimento comum, onde possamos mitigar este fenómeno. Eliminar por completo, diria que vai ser difícil, mas, pelo menos, mitigar esta preocupação com a pirataria, que tem um impacto enorme no nosso negócio e que prejudica, em última análise, o próprio cliente.
Qual é o balanço final de 2024?
Foi, até agora, um ano positivo para a operação, num contexto desafiante, por vários motivos sabidos de todos. Foi um ano de algumas dificuldades, porque percebemos que a vida está difícil para todos. De uma forma geral, as famílias moçambicanas, infelizmente, têm menos recursos e o seu poder de compra, por motivos macroeconómicos, alguns deles externos, é limitado. E sabemos, por experiência neste, e noutros mercados, que quando há necessidade de ajustar o orçamento familiar, muitas vezes o mais fácil de cortar é a televisão, e nós percebemos isso porque compreendemos as dificuldades das pessoas. Mas, ainda assim, tenho de agradecer, em meu nome e de toda a equipa da ZAP, a confiança e lealdade que os nossos clientes têm para connosco. E de tal forma assim é que, este ano, atingimos o maior número de clientes activos na nossa plataforma! Para devolver algum desse carinho que nos deram, escolhendo a ZAP como seu provedor de serviço, temos vindo a premiar alguns dos nossos clientes. Ainda este ano, oferecemos 16 viagens à Turquia a vários deles. E no ano passado, em 2023, oferecemos uma viatura ‘zero quilómetros’, através de um sorteio. Depois, temos apostado no nosso papel de responsabilidade social, porque temos, enquanto empresa, uma obrigação social na qual nós e toda a nossa equipa se envolvem, num conjunto de acções alinhadas através do Projecto Vidas ZAP, em que financiamos, entre outras, doações de material a lares de idosos, formações em saúde materno-infantil e a oferta de kits de auto-emprego e outros materiais educativos a várias instituições. E continuaremos a fazê-lo.
Texto: Pedro Cativelos • Fotografia: Mariano Silva & iStockphoto