A África do Sul precisa de investir 10,8 mil milhões de dólares na revitalização das suas infra-estruturas críticas, como os caminhos-de-ferro, os sistemas de água e a rede eléctrica, para conseguir um crescimento económico superior a 3% ao ano. O alerta vem do Gabinete de Investigação Económica (ERO, sigla em inglês) da Universidade de Stellenbosch, salientando que, sem estes investimentos, a economia continuará a crescer lentamente e de forma insustentável.
Nos últimos dez anos, a economia sul-africana cresceu em média menos de 1%, tendo como principais factores a má gestão, a corrupção e o subinvestimento em empresas públicas de logística e energia. As perspectivas não parecem estar a melhorar, com os economistas consultados pela Bloomberg a preverem um crescimento de apenas 1,7% até 2025.
“O nosso cenário de referência prevê que o crescimento real do Produto Interno Bruto será, em média, ligeiramente inferior a 2% entre 2026-29”, afirmou o Laboratório de Crescimento Económico Impumelelo do ERO. A estagnação económica persistente reflecte a necessidade urgente de reformas e investimentos em sectores-chave.
Apesar de ter conseguido evitar apagões diários desde Março de 2024, a África do Sul enfrenta uma crise hídrica cada vez mais grave, que prejudica ainda mais o ambiente empresarial. Além disso, as redes ferroviária, portuária e rodoviária continuam a deteriorar-se, o que tem um impacto directo na competitividade do país.
Em Novembro do ano passado, o banco central alertou para o agravamento da situação das infra-estruturas, com a falta de manutenção a pôr em risco a capacidade essencial de transporte e logística. Com isso, o transporte do minério de ferro diminuiu devido a ineficiências nos serviços ferroviários e o transporte de carvão atingiu os níveis mais baixos dos últimos 30 anos. Este declínio obrigou os produtores a recorrerem ao transporte rodoviário, o que congestionou estradas e portos.
Como parte de uma tentativa de resolver este problema, a África do Sul aprovou recentemente um plano para abrir a sua vasta rede ferroviária a operadores privados. Este esforço visa atrair conhecimentos técnicos e investimentos do sector privado para impulsionar as infra-estruturas ferroviárias e, por extensão, o crescimento económico. A parceria com o sector privado, especialmente na área da logística, é vista como uma das formas de resolver os estrangulamentos que têm prejudicado o país.
No entanto, a crise da água também se revelou um obstáculo. Roy Havemann, economista sénior da Impumelelo, observou que a escassez de água nas principais áreas metropolitanas está a afectar a confiança dos consumidores e das empresas.
Para o crescimento sustentável da economia, o ERO sugeriu que fossem implementadas as reformas estruturais necessárias para que o país possa atingir uma taxa de crescimento de 3,3% até 2025. No entanto, os economistas alertam para o facto de o sucesso deste crescimento depender da implementação rápida e eficaz destas reformas.
Fonte: Engineering News