A consultora britânica Oxford Economics alertou para o risco de Moçambique perder financiamento externo caso a instabilidade política e social se prolongue para além do primeiro trimestre deste ano. A análise foi divulgada num relatório sobre a evolução do ambiente económico moçambicano e enviado a investidores, segundo informou a Lusa.
De acordo com a consultora, a continuidade dos protestos pode comprometer o apoio de doadores e investidores internacionais, que poderão reagir à forma como o Governo tem gerido a situação, reconsiderando o financiamento concedido a Moçambique.
A consultora sublinha que o País depende significativamente do financiamento externo para equilibrar o orçamento e sustentar o desenvolvimento económico, num período em que aguarda pelas receitas provenientes da exportação de gás natural.
O impacto económico da instabilidade já se faz sentir, segundo a análise, afectando diversos sectores, como o do comércio, o da indústria, o dos transportes e o do turismo.
A Oxford Economics já tinha revisto em baixa as previsões de crescimento económico de Moçambique, reduzindo a projecção para 2024 de 4,4% para 4% e, para 2025, de 4,1% para 3,4%, reflectindo os efeitos da actual crise política.
Um estudo do Standard Bank, também divulgado recentemente, indica que a tensão pós-eleitoral teve impacto na actividade empresarial do País.
O índice PMI (Purchasing Managers Index), que mede o desempenho das empresas do sector privado, registou em Dezembro a maior contracção mensal desde Agosto de 2020. Segundo o relatório, empresas relataram dificuldades devido aos protestos e greves, registando uma redução na procura dos clientes, afectando a produção, encomendas e os níveis de emprego.
Desde as eleições de 9 de Outubro, Moçambique tem sido palco de manifestações organizadas por apoiantes do candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que contestam os resultados divulgados pelo Conselho Constitucional. Organizações da sociedade civil referem que os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança já resultaram em quase 300 mortos e cerca de 600 feridos.
A Oxford Economics aponta que a continuidade da instabilidade poderá agravar o ambiente económico e levar a uma reavaliação dos compromissos financeiros por parte de entidades internacionais. Segundo a consultora, a evolução do cenário político nos próximos meses será determinante para a manutenção do fluxo de financiamento externo, fundamental para a estabilidade económica do País.