A multinacional italiana Eni aguarda a aprovação do Governo para avançar com a decisão final de investimento no terminal flutuante de liquefacção de gás Coral Norte (FLNG), projecto com uma capacidade prevista de 3,4 milhões de toneladas anuais de gás natural liquefeito (GNL) e que será instalado na bacia do Rovuma, ao Norte do País, segundo informou o portal argusmedia.
A empresa indicou que a autorização por parte das autoridades moçambicanas poderá ser concedida em breve, permitindo que o projecto siga para a fase de execução. Embora não tenha apresentado um calendário detalhado, a petrolífera reafirmou o seu plano de iniciar as operações do Coral Norte na segunda metade de 2027.
O novo terminal flutuante será instalado cerca de 20 quilómetros a norte do Coral Sul FLNG, primeiro empreendimento de exportação de GNL em Moçambique, também operado pela Eni, e que entrou em funcionamento no final de 2022. Com uma capacidade semelhante à do Coral Sul, o Coral Norte representa um passo estratégico para a ampliação da produção de gás natural no País, num momento em que as perspectivas globais para o sector continuam a evoluir.
A concretização deste projecto ocorre num contexto de incerteza quanto ao avanço de outras infra-estruturas ligadas à exploração de gás natural na bacia do Rovuma. Os megaprojectos em terra Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies, e Rovuma LNG, sob a responsabilidade da ExxonMobil, continuam suspensos devido a preocupações com a segurança na província de Cabo Delgado.
O projecto da TotalEnergies, que prevê uma capacidade de liquefacção de 13,1 milhões de toneladas anuais, atingiu o fecho financeiro em 2019, mas foi suspenso em 2021, quando a empresa declarou força maior devido à insurgência na região. No entanto, a petrolífera indiana Bharat Petroleum, uma das parceiras do consórcio, indicou em Outubro de 2024 que a força maior poderá ser levantada entre Janeiro e Fevereiro deste ano, sinalizando uma possível retoma das operações.
Por sua vez, a ExxonMobil anunciou, em Novembro do ano passado, que pretende tomar uma decisão final de investimento no projecto Rovuma LNG, com uma capacidade de 18 milhões de toneladas anuais, no início de 2026. A empresa tem monitorizado os desenvolvimentos em Cabo Delgado e avalia as condições de segurança antes de avançar com o investimento.
O Coral Norte FLNG, ao contrário dos projectos em terra, tem a vantagem de ser uma plataforma offshore, reduzindo significativamente os riscos associados à segurança na região. O sucesso do Coral Sul FLNG, que tem operado sem perturbações desde o seu arranque, reforça a confiança da Eni no desenvolvimento de mais uma unidade flutuante de liquefacção na bacia do Rovuma.
A Eni mantém o compromisso de expandir as operações de GNL em Moçambique, destacando-se como um dos principais intervenientes na exploração de gás no País. Caso a aprovação governamental seja concedida nos próximos meses, o Coral Norte poderá consolidar-se como um novo marco na trajectória de Moçambique enquanto fornecedor estratégico de gás natural para o mercado global.