A Câmara Africana de Energia apelou nesta segunda-feira, 30 de Dezembro, à paz e estabilidade em Moçambique, alertando sobre a prosperidade que o País pode ter após desbloquear o seu potencial de produção de Gás Natural Liquefeito (GNL).
“Com iniciativas em curso para reiniciar a realização do projecto ‘Mozambique LNG’, de 20 mil milhões de dólares que tem o potencial de produzir 13,1 milhões de toneladas de GNL para uso doméstico por ano, nunca houve um momento mais importante para dar prioridade à paz e à estabilidade em Moçambique”, afirmou a entidade através de um comunicado.
Na nota, a organização sublinhou que “um Moçambique unificado tem o potencial de desencadear a prosperidade a longo prazo, através do desenvolvimento sustentável, atraindo simultaneamente investimentos internacionais cruciais no sector da energia”.
“Enquanto porta-voz do sector energético africano e forte defensora da prosperidade de Moçambique, a Câmara de Energia Africana apoia plenamente o Governo do País e apela à paz, estabilidade e desenvolvimento sustentável, à medida que entra na sua nova era de crescimento energético”, sublinhou.
A Câmara Africana de Energia recordou que após a descoberta de depósitos significativos de gás natural ao largo da costa norte de Moçambique em 2010, as expectativas de prosperidade económica do País “dispararam”, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a prever 500 mil milhões de dólares em receitas totais até 2045 e uma taxa média de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 24% com as exportações de GNL entre 2021 e 2025.
“No sector da energia, as grandes empresas TotalEnergies, ExxonMobil e Eni estão a desenvolver projectos integrados de GNL e, ao mesmo tempo, novas empresas exploradoras entram no mercado e os projectos de transformação de gás em energia estão em fase de conclusão”, acrescentou.
Além disso, a entidade descreveu que projectos como o Coral Sul LNG, a instalação Rovuma LNG e a Central de Gás para Energia de Temane “têm o potencial de atrair milhares de milhões de dólares em investimento e receitas, ao mesmo tempo que fornecerá energia estável a mais de dois milhões de famílias até 2030”.
“O País representa um dos mercados de gás mais dinâmicos do continente africano, no qual as suas extensas reservas de gás offshore poderão torná-lo um dos dez maiores produtores a nível mundial e responsável por até 20% da produção de África até 2040”, referiu.
Por outro lado, relembrou que, em termos geopolíticos, estes esforços de industrialização “têm o potencial de beneficiar toda a região da África Austral e podem transformar o País num centro de energia para países vizinhos como o Zimbabué, a Tanzânia, a Zâmbia, o Maláui, Essuatíni e a África do Sul”.
No entanto, para que Moçambique realize o seu vasto potencial, “é fundamental” que “continue firmemente empenhado na estabilidade política e no desenvolvimento sustentável”, reforçou a Câmara.
“Um compromisso com a paz não só assegurará o sucesso de projectos energéticos de vários milhares de milhões de dólares, como também garantirá a prosperidade a longo prazo, impulsionando o crescimento sustentável de Moçambique e de toda a região da África Austral”, afirmou.
“O Governo deve encontrar um consenso e definir termos que se transformem em benefícios a longo prazo para toda a população do País”, enfatizou.
A contestação aos resultados das últimas eleições gerais de 9 de Outubro levou a confrontos entre manifestantes e a polícia, que já provocaram pelo menos 277 mortos, de acordo com a Plataforma Eleitoral Decide.