Pelo menos 77 viaturas do sector da saúde foram destruídas desde o início das manifestações pós-eleitorais, disse esta sexta-feira, 27 de Dezembro, o Governo, que estimou em 941,7 milhões de meticais (14,9 milhões de dólares) artigos médicos perdidos com a destruição do centro de abastecimento de medicamentos.
“Até agora temos mais de 77 viaturas vandalizadas e destruídas e, destas, pelo menos 55 estavam na central de abastecimento, incluindo viaturas novas que ainda deviam ser distribuídas pelo País”, disse o ministro da Saúde, Armindo Tiago, em declarações à comunicação social.
O responsável falava durante uma visita a unidades hospitalares da cidade de Maputo, em que revelou que um dos armazéns do centro de abastecimento de medicamentos incendiado por manifestantes, após a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional, continha artigos medicinais avaliados em 316 milhões de meticais (cinco milhões de dólares).
“A roupa hospitalar estava nos edifícios queimados. Comprámos roupa para 70 mil funcionários do Serviço Nacional de Saúde, que incluía sapatos medicinais, batas, calças e luvas. Tudo avaliado em 632 milhões de meticais (dez milhões de dólares), incluindo o material necessário para fazer gessos em bruto, que também estava lá”, explicou Armindo Tiago, referindo-se a outros materiais hospitalares perdidos na sequência do incêndio.
O governante disse que o País precisará de pelo menos dois anos para recuperar dos impactos dos actos de vandalismo e destruições no sector da saúde, destacando que levará um ano para conseguir requisitar e receber os materiais médicos incendiados no centro de abastecimento de medicamentos.
“O maior problema é a destruição do armazém. Uma vez destruído, teremos de encontrar alternativas para colocar os equipamentos e insumos médicos que chegam ao País”, apontou o ministro.
Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais desde o dia 21 de Outubro. Desde segunda-feira (23), a organização não-governamental Plataforma Eleitoral Decide contabilizou 224 pessoas baleadas, número que subiu para 569 desde o início da contestação, além de 4175 detidos.
O Conselho Constitucional proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de Outubro.
Este anúncio provocou o caos em todo o País, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, colocando barricadas, promovendo pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar conter os ânimos.